Embora os integrantes da minoria, na Comissão, tenham tentado barrar a convocação do presidente da Anvisa, Antônio Barros Torres, e do ex-secretário de Comunicação do Palácio do Planalto Fábio Wejngarten, ambos foram chamados a depor.
Por Redação - de Brasília
A lista de derrotas do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) na CPI da Covid aumentou, nesta quinta-feira, com a convocação dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich, Eduardo Pazuello e do atual ministro Marcelo Queiroga. Não adiantaram as ameaças dos senadores bolsonaristas ou o bate-boca durante a sessão inaugural do colegiado que investiga os erros administrativos na gestão da pandemia.
Embora os integrantes da minoria, na Comissão, tenham tentado barrar a convocação do presidente da Anvisa, Antônio Barros Torres, e do ex-secretário de Comunicação do Palácio do Planalto Fábio Wejngarten, ambos foram chamados a depor.
A ordem das interrogações será a seguinte: Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich serão ouvidos na próxima terça-feira; Eduardo Pazuello na quarta-feira, o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o Antônio Barros Torres, presidente da Anvisa, na quinta-feira. Wejngarten falará em seguida.
Obstrução
Na abertura da CPI da Pandemia, que já começou com 35 minutos de atraso, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) solicitou a palavra para pedir que a Comissão funcione apensas presencialmente.
— Se quer que a CPI cumpra sua missão constitucional, que ela funcione presencialmente, ou estaremos cometendo uma fraude com o povo brasileiro — argumentou.
Renan Calheiros, relator da CPI, no entanto, chamou a atenção de Rogério.
— Estamos diante de uma evidente obstrução. Essa comissão deveria ter sido instalada em fevereiro, os senhores e o governo não quiseram a instalação. Hoje, nós chegaremos a 400 mil mortos. Vocês só querem atrasar nosso trabalho — observou.
Tropa de choque
Rogério Carvalho (PT-SE) também argumentou contra o integrante do grupo bolsonarista.
— Hoje, só há uma situação em que se questiona o trabalho remoto da Justiça brasileira, que é a audiência de custódia. Portanto, todo o resto da Justiça brasileira tem funcionado de maneira remota. Portanto, esses argumentos, no momento de pandemia, eles não se sustentam — ressaltou.
A discussão sobre a questão de ordem levantada pelo senador Marcos Rogério durou 50 minutos. Calheiros voltou a chamar a atenção dos governistas.
— Essa coisa de tropa de choque vir aqui defender coisa indefensável do governo, não vai passar — retrucou, em tom mais elevado.
Começou mal
Por intermédio dos senadores Jorginho Mello (PL-SC) e Ciro Nogueira (PP-PI), o governo federal também apresentou cinco requerimentos de convocação de técnicos que defendem o tratamento precoce e criticam o confinamento. A médica Nise Yamaguchi, aliada de Bolsonaro, que chegou a ser cogitada para o Ministério da Saúde, está entre as depoentes.
Segundo o senador petista Humberto Motta (PE), o início dos trabalhos foi mais tumultuado do que deveria.
“A CPI da Pandemia mal começou e já há uma interferência indevida do Executivo sobre o Legislativo, um atropelo ao princípio de independência dos poderes. Essa interferência demonstra o nível de preocupação do governo com o avanço das investigações e também a pouca familiaridade da bancada bolsonarista, e sua improvisação, com o tema na CPI”, resumiu o parlamentar, em uma rede social.