Um dos militantes da Ala Vermelha, grupo dissidente do PCdoB que combateu a ditadura militar, Alípio foi preso aos 23 anos pela Operação Bandeirantes (Oban) e sofreu três meses de torturas e interrogatórios, permanecendo encarcerado entre 1969 e 1974 no Presídio Tiradentes.
Por Redação, com BdF - de São Paulo
Faleceu nesta quinta-feira o jornalista, escritor e artista plástico Alípio Freire, aos 75 anos. Ele estava internado em um hospital há cerca de 20 dias em decorrência do covid-19, mas não resistiu.
Um dos militantes da Ala Vermelha, grupo dissidente do PCdoB que combateu a ditadura militar, Alípio foi preso aos 23 anos pela Operação Bandeirantes (Oban) e sofreu três meses de torturas e interrogatórios, permanecendo encarcerado entre 1969 e 1974 no Presídio Tiradentes, para onde foi transferido.
Após a prisão, intensificou sua participação militante por meio do jornalismo contra-hegemônico. Os jornais foram parte significativa da vida de Alípio, que além de ser um dos fundadores dos Jornal Sem Terra e Brasil de Fato (BdF), considerados porta vozes de movimentos populares no Brasil, ajudou a organizar diversos panfletos, volantes e periódicos clandestinos produzidos pela Ala Vermelha durante a ditadura, a exemplo dos Luta Proletária e Unidade Operária, que enfrentavam a censura, a falta de recursos e equipamentos.
Golpe
Alípio Freire foi anistiado pelo Ministério da Justiça em 2005 e é também autor de diversos livros, entre eles Estação Paraíso e Estação Liberdade. Em 2013, lançou seu primeiro documentário, chamado 1964 – Um golpe contra o Brasil, que expõe a participação de industriais, latifundiários e dos Estados Unidos no movimento que levou o país à ditadura.
No Twitter, diversas personalidades militantes lamentam o falecimento de Alípio, a exemplo de João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do Movimento Sem Terra (MST).
Entre as frases proclamadas por Alípio durante a sua vida militante, o portal em homenagem às vítimas da ditadura militar Memórias da Ditadura destaca:
— É exatamente a impunidade dos criminosos de ontem que estimula, naturaliza, banaliza e torna impunes os crimes, chacinas e massacres do presente.
Assista, adiante, à entrevista de Freire sobre os jornais clandestinos: