Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Ponto de Cultura Inês Etienne preserva memória da resistência à ditadura

Conheça o Ponto de Cultura Inês Etienne, projeto que preserva a memória da resistência à ditadura civil-militar e homenageia a ativista Inês Etienne Romeu.

Quarta, 03 de Dezembro de 2025 às 14:32, por: CdB

A inspiração vem da luta da ativista política Inês Etienne Romeu, única sobrevivente da Casa da Morte.

Por Redação, com ABr – do Rio de Janeiro

Pesquisadores, ativistas e familiares de pessoas desaparecidas durante a ditadura civil-militar se uniram em Petrópolis, no Rio de Janeiro, para preservar a memória política e defender os direitos humanos. Eles criaram o Ponto de Cultura Inês Ettienne, projeto surgiu para fortalecer ações comunitárias que promovam a reflexão, educação e a resistência.

Ponto de Cultura Inês Etienne preserva memória da resistência à ditadura | Espaço Inês Etienne resgata trajetória de luta contra a ditadura
Espaço Inês Etienne resgata trajetória de luta contra a ditadura

A inspiração vem da luta da ativista política Inês Etienne Romeu, única sobrevivente da Casa da Morte.

Ela ficou detida no imóvel entre maio e agosto de 1971, quando foi torturada por militares. Mais tarde, já em liberdade, denunciou tudo o que acontecia na casa. A ativista morreu em 2015.

Justamente por todo o passado da região e pela história de Inês, foi realizado na última sexta-feira um ato público em frente ao imóvel.

O grupo que integra o Ponto de Cultura, ainda sem sede, pediu a desapropriação da casa para transformá-la em um local voltado à memória.

Ponto de cultura

– Participaram familiares de desaparecidos na Casa da Morte. Alguns deles comprovadamente, outros ainda não. Mas há indícios de que isso [o desaparecimento] possa estar circunscrito lá, que foi um dos principais centros de assassinatos de militantes políticos – diz Vera Vital Brasil, integrante do Ponto de Cultura Inês Etienne.

Um processo de desapropriação do imóvel chegou a ser aberto. A prefeitura de Petrópolis recebeu no início deste ano autorização da 4ª Vara Cível para tomar posse, mas não houve a conclusão do caso, que enfrenta a resistência do atual proprietário.

Assim, o imóvel segue sendo uma propriedade privada. “O movimento luta há anos para transformá-lo num centro de memória. Há o Pro Memorial Casa da Morte que está em funcionamento e existe a busca de recursos para a aquisição da casa, que é particular e está na mão de uma pessoa que a comprou do [Ricardo] Lodders, que foi quem a cedeu para o Exército”, recorda Vera.

Ícone

Por sua trajetória e por ter sido a única sobrevivente do local, Inês Etienne é o grande ícone do Ponto de Cultura que leva seu nome. “Ela é esse símbolo de resistência, uma sobrevivente das situações mais bárbaras e cruéis. Inês é para nós um símbolo de luta e de resistência que abriu um caminho de reconhecimento do que havia nesses porões da ditadura”, acrescenta.

O grupo planeja novas atividades. Vera diz que “a intenção é promover a exibição de filmes, músicas e obras culturais que lembrem e permitam a informação sobre o que aconteceu durante a ditadura militar no Brasil”, finaliza.

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