Segundo o novo chanceler, o Brasil esteve “alijado” do cenário internacional nos últimos anos, “por força de uma visão ideológica limitante”. Assim, o desafio é “executar a política externa que reconduzirá o Brasil ao grande palco das relações internacionais”.
Por Redação - de Brasília
Ao assumir o comando do Ministério das Relações Exteriores (MRE), na véspera, o diplomata Mauro Vieira afirmou ter pela frente “uma monumental tarefa de reconstruir o nosso patrimônio diplomático”. O Itamaraty terá um papel fundamental na nova gestão e deverá recuperar a imagem do Brasil no cenário internacional após quatro anos de Jair Bolsonaro (PL) no poder.
Alçado à condição de pária ambiental, o país tentará retomar o protagonismo no enfrentamento às mudanças climáticas.
— Só seremos fortes se atuarmos a partir da visão ampla de um país comprometido com o desenvolvimento sustentável, socialmente mais justo, politicamente maduro e reconciliado com suas melhores tradições de diálogo e respeito — disse Vieira na noite passada, durante cerimônia de posse.
Questão climática
Segundo o novo chanceler, o Brasil esteve “alijado” do cenário internacional nos últimos anos, “por força de uma visão ideológica limitante”. Assim, o desafio é “executar a política externa que reconduzirá o Brasil ao grande palco das relações internacionais”.
Vieira destacou, ainda, um cenário complexo com “tensões entre grandes potências” – uma provável referência a Estados Unidos e China -, “uma guerra dolorosa na Europa” e a emergência climática, “que coloca em perigo o futuro do planeta”.
O novo ministro afirmou ter recebido de Lula a tarefa de “reabrir canais de diálogo” bloqueados nos últimos anos, o que passa por “reconstruir sua inserção em sua própria região”. Também voltou a defender a reforma e a ampliação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, porque “não podemos conviver com estruturas decisórias desatualizadas, que não refletem a contribuição que podem dar ao enfrentamento de desafios comuns”.
Itamaraty
Mauro Vieira, de 71 anos, tem experiência no cargo, uma vez que chefiou o Itamaraty no segundo mandato de Dilma Rousseff (PT). Ex-embaixador do Brasil em Washington, formou-se em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ele ingressou no Ministério das Relações Exteriores em 1973.
O diplomata acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao longo de todo o dia, nos encontros de chefes de Estado e de governo, e representantes de delegações estrangeiras que vieram a Brasília para a posse. As reuniões ocorreram no Palácio do Itamaraty.
Um dos encontros foi com o presidente da Argentina Alberto Fernández, que confirmou a ida de Lula a Buenos Aires no próximos dias 23 e 24 de janeiro, para uma série de compromissos, incluindo uma reunião da Comunidade de Estados Latinoamericanos e Caribenhos (Celac), que está sob presidência temporária argentina.
Copa do Mundo
"Estamos na mesma trilha, buscamos o mesmo destino para nossos povos e a integração da América Latina. No dia 23 de janeiro nos encontraremos na Argentina para avançar com ações concretas e institucionalizar esta relação, e no dia 24 nos reuniremos com a Celac", publicou Fernández nas redes sociais após se reunir com Lula.
O presidente brasileiro, por sua vez, divulgou nas redes sociais os parabéns ao argentino pela vitória na Copa do Mundo e que retoma o diálogo com um dos principais parceiros.
“Recebi meu amigo @alferdez, que me cumprimentou pela posse e eu pude parabenizá-lo pela vitória da Argentina na Copa do Mundo. Retomamos o diálogo e a amizade com nosso maior vizinho, um dos principais parceiros do Brasil no mundo”, disse Lula.
Colaboração
Outro encontro foi com o presidente do Chile Gabriel Boric. A reunião bilateral foi publicada por Lula em sua conta oficial no Twitter.
“Conheci o presidente chileno @GabrielBoric e conversamos sobre o imenso potencial de colaboração econômica e desenvolvimento de parcerias internacionais entre Brasil e Chile, para desenvolvimento da nossa região”, escreveu o presidente brasileiro.
Lula também se reuniu com outros importantes líderes regionais, como os presidentes Gustavo Petro (Colômbia) e Guillermo Lasso (Equador). Também houve bilaterais com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa e com a presidente Honduras, Iris Xiomara Castro Sarmiento. O Rei da Espanha, Felipe VI, também esteve hoje com o presidente brasileiro. Nem todos os encontros previstos acabaram ocorrendo, segundo o próprio Lula atualizou em suas redes sociais.
"Dia cheio hoje. Foram 10 reuniões com representantes da Ásia, Europa, África e América Latina. Tínhamos marcado inicialmente 17 encontros. Infelizmente, faltou tempo com tantas boas conversas. Teremos outras oportunidades. O mundo estava com saudade do Brasil. Boa noite", encerrou.