As pesquisas mostram que os uruguaios estão se desanimando com a coalizão de centro-direita do presidente Luis Lacalle Pou, apesar de sua condução bem-sucedida da economia durante a pandemia da Covid-19 e os reveses econômicos após a guerra na Ucrânia. Lacalle Pou, de 50 anos, tem se esforçado para cumprir a promessa de combater o tráfico de drogas, o que está prejudicando a reputação do Uruguai.
Por Redação, com agências internacionais – de Montevidéo
As últimas pesquisas de opinião no Uruguai mostra uma dianteira do partido de centro-esquerda Frente Ampla sobre a coalizão de direita que governa o país. Resultados parciais mostram que Yamandú Orsi, prefeito da segunda maior região do Uruguai, venceria as eleições, se fossem hoje, sobre o candidato conservador Álvaro Delgado. Quem vencer a eleição geral marcada para 27 de outubro ou, mais provavelmente, o segundo turno em novembro, precisará reduzir as altas taxas de homicídios, melhorar a rede de segurança social, equilibrar o comércio com o principal parceiro, a China, e manter o rumo de uma economia que deve crescer quase 4% neste ano.
As pesquisas mostram que os uruguaios estão se desanimando com a coalizão de centro-direita do presidente Luis Lacalle Pou, apesar de sua condução bem-sucedida da economia durante a pandemia da Covid-19 e os reveses econômicos após a guerra na Ucrânia. Lacalle Pou, de 50 anos, tem se esforçado para cumprir a promessa de combater o tráfico de drogas, o que está prejudicando a reputação do Uruguai como um farol de estabilidade na turbulenta América do Sul. A percepção da fraqueza do Estado de bem-estar social e o aumento da corrupção também têm prejudicado seu partido.
Isso tem feito com que a coalizão de centro-esquerda Frente Ampla, que governou o país de 2004 a 2019, fique à frente dos principais partidos de centro-direita, segundo as últimas pesquisas de opinião.
– Hoje temos a fórmula (para vencer) – disse Orsi, recentemente, no lançamento de sua campanha.
Reivindicações
O instituto de pesquisas uruguaio Cifra previu que a Frente Ampla obteria 47% de apoio em maio, cerca de 15 pontos à frente do Partido Nacional, de Lacalle Pou, a principal força da coalizão governista. O bloco conservador mais amplo combinado, no entanto, obteria cerca de 43%. Além de Orsi e Delgado, a cédula de votação terá ainda o nome de Andrés Ojeda (Colorado, centro).
O Uruguai é o menor país da América do Sul, tem 3,6 milhões de habitantes, com perto de 3 milhões de eleitores. As eleições de outubro vão eleger também 30 senadores e 99 deputados. No Rio Grande do Sul, os ‘doble chapa’ – eleitores das cidades fronteiriças – já se movimentam, articulando apoios e apresentando reivindicações, estudos e exigências para a região. Segundo Gustavo de Mello, ex-chefe interino da Casa Civil, ex-chefe adjunto da Casa Civil e ex-presidente da Companhia de Artes Gráficas (Corag) no governo Olívio Dutra, um dos articuladores e também um dos elaboradores de algumas das metas da região da fronteira, acredita que a questão da saúde pesará no voto desses eleitores.
Realidade
Advogado, filiado ao PT, Mello nasceu em Santana do Livramento e tem 61 anos.
– A região de fronteira entre Brasil e Uruguai, especialmente nas cidades de Rivera e Santana do Livramento, apresenta uma realidade única e complexa que difere significativamente de outras regiões do país. A convivência entre brasileiros e uruguaios é marcada por uma integração profunda e harmoniosa, onde famílias de ambas as nacionalidades se entrelaçam, seja através de casamentos, filhos, ou mesmo atividades comerciais. Essa convivência transcende as barreiras nacionais e cria uma comunidade binacional coesa e interdependente. No entanto, essa realidade social e econômica não encontra respaldo adequado nas legislações vigentes, tanto brasileiras quanto uruguaias, o que gera uma série de dificuldades práticas no cotidiano dessas populações – disse Mello, em entrevista ao site de notícias Brasil de Fato (BdF), neste domingo.
Segundo o articulador político, “as legislações laborais dos dois países, bem como os tratados internacionais e binacionais, frequentemente não refletem a realidade vivida pelos residentes dessas regiões de fronteira”.
– A interpretação e aplicação dessas normas pelas autoridades competentes de ambos os lados muitas vezes se mostram descompassadas com a realidade local, criando barreiras burocráticas e legais que dificultam a vida das pessoas. Isso é especialmente evidente no setor da saúde, onde tanto os cidadãos quanto os profissionais da área enfrentam obstáculos significativos para acessar e prestar serviços de saúde de forma eficiente e integrada – concluiu.