Na véspera, senadores derrubaram o veto de Bolsonaro a trecho do projeto que abria exceções à proibição de reajustes salariais de servidores públicos até o fim de 2021.
Por Redação - de Brasília
Um acordo entre o ‘Centrão’ e o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) manteve os vetos ao reajuste salarial dos funcionários públicos, em troca da prorrogação do auxílio emergencial, conforme apurou a reportagem do Correio do Brasil junto à liderança da base aliada. O anúncio ocorrerá na semana que vem.
Depois de Bolsonaro (sem partido) afirmar, nesta quinta-feira, que será “impossível” governar o Brasil caso a Câmara derrubasse o veto que abre margem para a concessão de reajuste de servidores públicos, já derrubado na véspera pelos senadores, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) coordenou um acordo com os partidos que integram o ‘Centrão’ para manter os cortes no texto, em troca da manutenção do auxílio emergencial até dezembro deste ano.
— O Senado derrubou um veto que vai dar um prejuízo de R$ 120 bilhões para o Brasil. Então, eu não posso governar um país se (a derrubada) desse veto for mantida na Câmara, é impossível governar o Brasil. A responsabilidade não é só minha, é de todo mundo a responsabilidade de ajudar o Brasil a sair do buraco — disse o presidente a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.
Na véspera, senadores derrubaram o veto de Bolsonaro a trecho do projeto que abria exceções à proibição de reajustes salariais de servidores públicos até o fim de 2021. O veto ainda tem de ser votado pela Câmara, em sessão prevista para esta quinta.
Despesas
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse na noite de quarta que o Senado deu um “péssimo sinal” ao derrubar o veto.
— O Senado deu um sinal muito ruim permitindo que justamente os recursos que foram para a crise da saúde possam se transformar em aumento de salários, isso é um péssimo sinal. Isso tem efeito sobre a taxa de juros, muito ruim, muito ruim. Vamos torcer para a Câmara conseguir segurar a situação — afirmou Guedes a jornalistas na noite de quarta-feira.
O ministro destacou, ainda, que o veto foi feito pelo presidente em um momento decisivo, em que o país começa a se recuperar economicamente e está empenhado em dar um sinal de disciplina fiscal após despesas extraordinárias direcionadas à crise.
— Não pode o desentendimento político estar acima da saúde do Brasil na hora que o Brasil começa a se recuperar. Quer dizer, pegar o dinheiro da saúde e permitir que se transforme em aumento de salário de funcionalismo é um crime contra o país — disse o ministro.
Coronavírus
Ele acrescentou, sem detalhar, que a iniciativa do Sendo pode gerar perdas de até R$ 120 bilhões.
O pacote de auxílio federal envolveu o repasse de R$ 60 bilhões a Estados e municípios e a suspensão do pagamento de dívidas dos entes com a União e bancos públicos, o que levou o valor total do pacote a R$ 125 bilhões.
A proibição da concessão de aumentos foi estabelecida como contrapartida ao auxílio federal de R$ 60 bilhões repassado a Estados e municípios para o enfrentamento da crise do coronavírus. A derrubada do veto deixa de fora da restrição categorias como as de profissionais de segurança pública, saúde, educação, agentes penitenciários e militares.
Apoio de Maia
Ainda nesta manhã, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e líderes de partidos do chamado ‘Centrão’ se reuniram, para afinar a estratégia entre os deputados e manter o veto do presidente.
A intenção, segundo uma das fontes afirmou à agência inglesa de notícias Reuters, seria montar uma espécie de força-tarefa para conseguir votos e manter logo o veto de Bolsonaro ao trecho do projeto que abre exceções à proibição de reajustes salariais de servidores até o fim de 2021 na sessão desta tarde — e não adiar a votação novamente, como chegou a ser aventado.
A ida de Maia ao encontro, segundo a fonte, tem por objetivo mostrar que a defesa do ajuste das contas públicas e a manutenção do veto é uma causa com a qual importantes lideranças da Câmara estão comprometidas.