Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal no governo de Ibaneis Rocha a partir de 1° de janeiro, Torres estava fora do Brasil no dia dos ataques. Ele teve a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Por Redação - de Brasília
Os possíveis dados que a Polícia Federal (PF) poderá encontrar no acesso ao telefone celular do ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL) Anderson Torres, têm sido motivo de estresse para o ex-presidente, segundo conversas vazadas no círculo próximo do hóspede em uma mansão em Orlando, Flórida (EUA). A articulação do golpe de Estado fracassado em 8 de Janeiro passa pela leniência de Torres em conter os terroristas que vandalizaram as sedes dos Três Poderes.
Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal no governo de Ibaneis Rocha a partir de 1° de janeiro, Torres estava fora do Brasil no dia dos ataques. Ele teve a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e foi detido dia 14 daquele mês, quando desembarcava de volta da Florida, cidade dos EUA vizinha àquela em que se encontra o ex-presidente Bolsonaro desde 30 de dezembro. Ele estava sem o aparelho e afirmou tê-lo “perdido ou esquecido”, segundo versões conflitantes relatadas às autoridades.
Com autorização judicial apresentada à prestadora de serviço utilizada pelo ex-ministro, a PF acessou os dados disponíveis, em nuvem. Agentes da PF afirmaram à mídia conservadora que os dados foram armazenados na conta da família e que ainda não encontraram informações relevantes para o inquérito. Porém, acrescentaram não ser possível afirmar se Torres apagou as informações.
Minuta
Um dos principais focos das investigações da PF é a “minuta do golpe”. O documento encontrado na casa de Anderson Torres é uma proposta de decreto que instaurava estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que passaria, na prática, a ser controlado por uma junta militar que anularia a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições.
Nesta terça-feira, o plenário do TSE rejeitou um recurso da defesa de Bolsonaro, que queria excluir a minuta do golpe de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) contra ele no Tribunal, protocolada pelo PDT. Nos bastidores de Brasília, a inelegibilidade do ex-governante em futura decisão do TSE, nesta ou outra das várias Aijes que tramitam na Corte, é dada como certa.
Após o fim da gestão Bolsonaro, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, hoje afastado, refutou todos os conselhos e alertas e nomeou Torres secretário do Distrito Federal.
Terrorismo
O próprio ministro Gilmar Mendes, do STF, disse a jornalistas, na terça-feira, ter aconselhado o governador afastado a não nomear Anderson Torres.
— Eu intuía que, assumindo a Secretaria de Segurança Pública, teria fricção, e talvez o Supremo tivesse que suspendê-lo das atividades — afirmou Gilmar.
No dia 8 de janeiro, o responsável pela segurança em Brasília ignorou as ameaças de terrorismo cada vez mais claras e sequer estava na capital federal. Tinha viajado “em férias” para a cidade de Orlando, na Flórida, onde teria se comunicado com Bolsonaro.