Candidato neofascista à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL) diz que está com ‘a mão na faixa presidencial’, mas campanha de notícias falsas poderá impedi-lo.
Por Redação - do Rio de Janeiro
O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, afirmou nesta quarta-feira que já está com a mão na faixa presidencial; uma vez que o adversário na disputa pelo Palácio do Planalto, Fernando Haddad (PT), não conseguirá, segundo afirmou, reverter a desvantagem apontada pelas pesquisas até o dia do segundo turno da eleição presidencial. A posição vantajosa na corrida eleitoral, no entanto, é questionada por se basear em notícias falsas, disseminadas há anos, pelas redes sociais.
Falando a jornalistas, após visitar a Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, porém, Bolsonaro diz que o PT e Haddad estão “apavorados” e “perdidos”. A ação apresentada pela coligação do petista, nesta quarta-feira, junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que questiona as notícias falsas, afirmou, confirma o desespero do adversário.
Líder das pesquisas de intenção de voto, Bolsonaro desconversou quando questionado sobre possível presença em debates na televisão, afirmando que aguarda avaliação na quinta-feira dos médicos responsáveis por seu tratamento após ter sido esfaqueado em um ato de campanha em Juiz de Fora (MG) no mês passado.
Desinformação
O relator especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Edison Lanza, no entanto, questiona a validade da campanha realizada por Bolsonaro. Ele disse, nesta manhã, que nas campanhas políticas desenvolvidas no Brasil, entre diferentes candidatos à Presidência da República, houve "desinformações deliberadas”, a exemplo do caso conhecido como ‘Kit Gay’, uma mentira disseminada há anos pela campanha neofascista.
— A informação que temos é que no Brasil houve muito movimento de desinformação deliberada, alguns com formatos jornalísticos falsos e outras com formatos mais difíceis de classicar como memes, notícias em formatos simplistas e outros tipos — afirmou.
Lanza fez estas declarações durante a conferência internacional "Desinformação na era digital e seu impacto na liberdade de expressão e os processos eleitorais da região" que aconteceu em Montevidéu, capital do Uruguai. O relator armou que as notícias falsas (fake news) representam um fenômeno "muito novo", com poucos anos de descoberta, por isso, acredita ser "difícil" avaliar o impacto que elas têm na sociedade.
— No Brasil, o fenômeno surgiu com muita força. Algumas dessas informações são notícias que a imprensa descobriu, desmascarando as equipes de campanha. Outras, as próprias plataformas indicaram e começaram a tomar medidas — explicou.
‘Cobertura crítica’
Estados Unidos e Reino Unido Para o diplomata uruguaio, estas estratégias tiveram notoriedade dentro das campanhas eleitorais dos Estados Unidos, Brexit, no Reino Unido, a campanha pela paz da Colômbia e nas últimas eleições presidenciais do México.
— Quando uma decisão pode ser influenciada por um fluxo de informações falsas sobre um candidato ou partido e, acima de tudo, com as ferramentas tecnológicas que hoje permitem a viralização, tem-se um fenômeno muito perigoso — disse.
Alguns dos pontos que a CIDH recomenda para evitar este tipo de informações são "sistemas efetivos" de autorregulação e prestação de contas que jornalistas e veículos de imprensa devem colocar em prática. Também se deve atuar em função da retificação e direito de resposta diante das informações incorretas, assim como oferecer uma "cobertura crítica" da desinformação, propaganda e notícias falsas.
A CIDH também recomenda a capacitação dos jornalistas em tecnologia da informação e que se promova o jornalismo investigativo. Nesse contexto, Lanza disse que a América Latina passa por um "momento muito complicado", quanto ao respeito à liberdade de expressão em alguns países como Honduras, Guatemala, México, Nicarágua e Venezuela, onde casos de repressão e prisão de jornalistas foram registrados nos últimos anos