Em uma chamada de vídeo, durante jantar com empresários em apoio ao candidato à reeleição, realizado no clube Monte Líbano na noite passada, Bolsonaro prometeu fazer campanha na tentativa de mantê-lo no cargo por mais quatro anos.
Por Redação – de São Paulo
Uma vez precificado o ‘fenômeno’ Pablo Marçal (PRTB), que tem uma rejeição proibitiva junto ao eleitorado paulistano e começa a cair nas pesquisas de opinião, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez meia volta volver no apoio ao empresário de ultradireita e promoveu um gesto que surpreendeu o próprio prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Em uma chamada de vídeo, durante jantar com empresários em apoio ao candidato à reeleição, realizado no clube Monte Líbano na noite passada, Bolsonaro prometeu fazer campanha na tentativa de mantê-lo no cargo por mais quatro anos. A ligação, coincidentemente, aconteceu logo em seguida à divulgação de pesquisa do Instituto DataFolha em que Nunes aparece com 8 pontos percentuais à frente de Marçal.
Radicais
O ato desta quinta-feira, organizado por uma empresa de consultoria empresarial, teve como convidados o ex-presidente de facto Michel Temer (MDB); o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos); o ex-governador Rodrigo Garcia; o secretário Gilberto Kassab (PSD) e o presidente do MDB, Baleia Rossi. O público presente teria chegado a 1,2 mil empresários, segundo os promotores; entre eles alguns parlamentares. Bolsonaro apareceu ao vivo, de repente, no meio do discurso de Freitas, no telão do palco.
– Torço por você, tenho certeza que haverá segundo turno. E seremos vitoriosos no segundo turno. Como disse Tarcísio, ele está credenciado a continuar à frente da prefeitura. É a primeira disputa majoritária que ele participa e eu tenho certeza que ele será vitorioso – disse Bolsonaro a Nunes.
O gesto do ex-mandatário neofascista, acusado de liderar o golpe de Estado fracassado no 8 de Janeiro, acontece em meio à disputa do prefeito com Marçal pelo voto dos setores mais radicais da extrema direita, logo após a recuperação de Nunes (27%), à frente de Guilherme Boulos (25%), isolados na dianteira, com Marçal de volta ao terceiro lugar, fora da disputa de um possível segundo turno, com 19% na pesquisa.
Polêmica
No telefonema, Bolsonaro aproveitou para ‘queimar’ a imagem de Marçal junto aos empresários, ao afirmar que “não queremos uma experiência nova” porque “sabemos como são essas figuras”. Mas diz isso agora, diante da mudança no cenário eleitoral paulistano. Há uma semana, Bolsonaro chegou a acenar para o candidato do PRTB em um recuo para não perder eleitores.
O relacionamento entre ambos piorou, no entanto, durante o ato frustrado de 7 de Setembro, que levou menos seguidores do que o esperado e permitiu que Marçal conquistasse ainda mais votos junto ao público presente, durante uma aparição preparada por seus marqueteiros.
Canto da sereia
Ao cumprimentar os presentes, na noite passada, Bolsonaro chamou o vice na chapa de Nunes, o coronel Ricardo Mello Araújo (PL), de “meu vice, indicado por mim”. A ligação foi viabilizada pelo ex-secretário de Bolsonaro Fabio Wajngarten, para quem o ex-presidente telefonou anteriormente.
Já Nunes, em seu discurso, disse que algumas pessoas “caíram no canto da sereia”, mas que a “verdade foi separada da sujeira, que decantou”. O clima no jantar era positivo e muitos comemoravam os números da pesquisa.