Rio de Janeiro, 17 de Junho de 2025

Bolsonaro chama para o fechamento do Congresso e prega a ditadura

Junto à sociedade civil, foi bastante ágil a reação à ameaça de golpe comandada por Bolsonaro e pelo general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Quarta, 26 de Fevereiro de 2020 às 11:47, por: CdB

Junto à sociedade civil, foi bastante ágil a reação à ameaça de golpe comandada por Bolsonaro e pelo general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Por Redação - de Brasília
A mobilização golpista marcada para o dia 15 de março, em todo o país, contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), exigindo que sejam fechados e o poder passe a ser exercido, em uma ditadura, por Jair Bolsonaro (sem partido), atual inquilino do Palácio do Planalto, foi vigorosamente combatida por integrantes do Legislativo e do Judiciário. Decano do STF, o ministro Celso de Mello publicou, da manhã desta quarta-feira, um libelo contrário à convocação liderada por Bolsonaro.
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Jair Bolsonaro e o general Augusto Heleno convocam para o fechamento do Congresso e do STF
“Essa gravíssima conclamação, se realmente confirmada, revela a face sombria de um presidente da República que desconhece o valor da ordem constitucional, que ignora o sentido fundamental da separação de poderes, que demonstra uma visão indigna de quem não está à altura do altíssimo cargo que exerce e cujo ato, de inequívoca hostilidade aos demais Poderes da República, traduz gesto de ominoso desapreço e de inaceitável degradação do princípio democrático!!! “O presidente da República, qualquer que ele seja, embora possa muito, não pode tudo, pois lhe é vedado, sob pena de incidir em crime de responsabilidade, transgredir a supremacia político-jurídica da Constituição e das leis da República!”, escreveu Celso de Mello Outro ministro do STF, Gilmar Mendes usou sua conta no Twitter nesta manhã, para também sair em defesa do Estado democrático de Direito.

Instituições

“A CF88 garantiu o nosso maior período de estabilidade democrática. A harmonia e o respeito mútuo entre os Poderes são pilares do Estado de Direito, independentemente dos governantes de hoje ou de amanhã. Nossas instituições devem ser honradas por aqueles aos quais incumbe guardá-las”, afirmou. Junto à sociedade civil, foi bastante ágil a reação à ameaça de golpe comandada por Bolsonaro e pelo general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Entre a noite passada, quando começou a circular a notícia de que Bolsonaro havia iniciado a convocação para o golpe, e a manhã desta quarta-feira, alguns dos principais líderes do país levantaram-se em defesa da democracia. Segundo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “é urgente que o Congresso, as instituições e a sociedade se posicionem diante de mais esse ataque para defender a democracia". A presidenta deposta Dilma Rousseff foi no mesmo tom: “Torna-se  urgente e necessária forte resposta das instituições ou o país mergulhará, mais uma vez, na escuridão das ditaduras”.

‘Nunca leu’

Outro ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso (FHC) também elevou o tom contra a ameaça ao regime democrático. “Estamos com uma crise institucional de consequências gravíssimas. Calar seria concordar. Melhor gritar enquanto de tem voz, mesmo no Carnaval, com poucos ouvindo”, escreveu FHC, em uma rede social. O ex-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) convocou os demais poderes a responder à ameaça: “Que o Congresso, sob as lideranças de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, e o STF, com todos os Ministros, saibam reagir a essa ameaça”. Fernando Haddad (PT), que chegou ao segundo turno das últimas eleições, foi ainda mais incisivo: "Bolsonaro, ao que tudo indica, cometeu crime de responsabilidade previsto na Constituição que jurou respeitar mas, certamente, nunca leu”.

Inadmissível

Governador de São Paulo, o Estado mais pujante do país, o tucano João Doria não aliviou no tom: “Devemos repudiar com veemência qualquer ato que desrespeite as instituições e os pilares democráticos do país. Lamentável o apoio do Presidente Jair Bolsonaro a uma manifestação contra o Congresso Nacional”. Para Alessandro Molon, líder da oposição na Câmara dos Deputados, “temos que parar Bolsonaro! Basta! As forças democráticas deste país têm que se unir agora. Já! É inadiável uma reunião de forças contra esse poder autoritário. Ou defendemos a democracia agora ou não teremos mais nada para defender em breve”. E o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, fez uma afirmação ainda mais incisiva: “Entendo que é inadmissível, o presidente está mais uma vez traindo o que jurou ao Congresso em sua posse, quando jurou defender a Constituição Federal. A Constituição e a democracia não podem tolerar um presidente que conspira por sua supressão”.

Emenda

Na contramão dos Regina Duarte também está postando nas redes sociais a convocação da marcha fascista de 15 de março, com a qual Jair Bolsonaro e generais pretendem acuar o Congresso Nacional e o povo brasileiro. Bolsonaro confirmou em seu twitter que de fato convocou, em grupos de WhatsApp, a manifestação pelo fechamento do Congresso para 15 de março. Ele tentou minimizar, no entanto, o impacto de sua ação, afirmando que não passaram de "mensagens de cunho pessoal”. A emenda, contudo, tornou-se pior do que a mensagem inicial, pois confirma que, de fato, distribuiu a mensagem pelo fechamento do Congresso. “Tenho 35Mi de seguidores em minhas mídias sociais, com notícias não divulgadas por parte da imprensa tradicional. No Whatsapp, algumas dezenas de amigos onde trocamos mensagens de cunho pessoal. Qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República”, concluiu Bolsonaro.
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