Na entrevista, Bolsonaro repisou o ódio ao presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, por ter garantido que o defensor de um preso tivesse seu sigilo telefônico preservado pela instituição.
Por Redação - de Brasília
Apesar dos protestos e dos desmentidos que, em si, deveriam significar a vergonha, o demérito público e a falha de caráter do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL) afirmou, nesta quarta-feira, que manterá o tom elevado e as distorções contra seus adversários.
— Sou assim mesmo — disse ele, em entrevista ao diário conservador carioca O Globo.
Na entrevista, Bolsonaro repisou o ódio ao presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, por ter garantido que o defensor de um preso tivesse seu sigilo telefônico preservado pela instituição. Tratava-se de um dos advogados de Adélio Bispo de Oliveira, autor da suposta facada ao então presidenciável. Ocorre que a Constituição e a lei garantem aos advogados a inviolabilidade de seus sigilos profissionais.
Boca fechada
Uma vez questionado pela reportagem do diário carioca, sobre suas declarações a respeito da memória de Fernando Santa Cruz, pai do presidente da OAB, Bolsonaro alegou que a instituição evitou que se chegasse aos 'mandantes da sua tentativa de assassinato’.
Segundo o mandatário, sem qualquer conhecimento jurídico, afirmou que a quebra do sigilo telefônico do advogado “daria um novo rumo à história”.
O surto de declarações extremadas, por parte de Bolsonaro, tem gerado um ambiente pesado nos meios militares, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil, junto a comandantes de tropas, no Sudeste e no Sul do país. O sentimento de repulsa se reproduz, ainda, em parte da equipe de assessores civis do presidente.
O crescente na disseminação das agressões e mentiras chegou a ser pauta central na reunião de emergência que teve lugar no Palácio do Planalto, na véspera. Embora alertado por seus assessores mais próximos quanto ao risco que corre de ser afastado de seu mandato, diante tamanhas irregularidades, Bolsonaro manteve, nesta quarta-feira, o tom de desafio aos princípios republicanos e democratas, inerentes ao cargo.
Ética
Para muitos militares, Bolsonaro radicaliza-se, dia após dia, por influência da "ala ideológica" de extrema-direita, liderada por seu filho Carlos e o astrólogo Olavo de Carvalho. Até o deputado Alexandre Frota (PSL-SP) entende que as declarações de Jair Bolsonaro sejam má influência ao trabalho dos parlamentares, na Câmara dos Deputados.
“Só duas vezes tivemos paz no semestre: quando o Twitter ficou fora do ar e quando ele tirou o dente”, afirmou Frota, em uma rede social. “O PSL de SP não tem nem presidente direito, vai ter conselho de ética? Mas tudo bem. Desafio ele a me levar lá. Chamo uma coletiva e, vou te falar, metade desse partido vai embora”, acrescentou.
O parlamentar também voltou a criticar a estrutura interna do partido: “O PSL de SP não tem nem presidente direito, vai ter conselho de ética? Mas tudo bem. Desafio ele a me levar lá. Chamo uma coletiva e, vou te falar, metade desse partido vai embora”, concluiu.