A Casa Branca estaria preocupada com a tensão na região e vê o Brasil como um ator "adequado" para ajudar a evitar uma escalada militar.
Por Redação, com agências internacionais - de Washington
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (Democratas), tem determinado aos seus emissários internacionais que apressem o contato com o colega sul-americano Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para delegar ao Brasil a intermediação na disputa entre a Venezuela e a Guiana pelo território de Essequibo, reivindicado historicamente por venezuelanos, mas sob o controle da Guiana desde o século XIX.
A Casa Branca, conforme apurou o correspondente internacional Jamil Chade, em sua coluna no portal de notícias UOL, está preocupada com a tensão na região e vê o Brasil como um ator "adequado" para ajudar a evitar uma escalada militar.
Washington, ainda segundo Chade, "sabe que não pode e não tem condições de lidar com a crise neste momento". O governo norte-americano está em constante contato com autoridades brasileiras nos últimos dias, pressionando por ações específicas.
Diplomacia
O pedido envolve um alerta claro ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de que continuar com seus planos resultará na manutenção das sanções internacionais contra o país. Além disso, a Guiana recebe um recado de que apesar de contar com o apoio diplomático e militar dos EUA, não deve se fechar ao diálogo.
A proposta de sediar conversas entre as partes foi apresentada pelo presidente Lula, aguardando agora a resposta tanto de Maduro quanto do governo guianense. Diplomatas brasileiros buscam uma solução que evite uma escalada militar.
Os EUA expressam preocupações com a possibilidade de um novo foco de tensão territorial no mundo, considerando os outros conflitos em curso e patrocinado por eles, como a guerra na Ucrânia e a situação em Gaza. A administração Biden também leva em consideração sua situação doméstica, com as próximas eleições norte-americanas dominando a agenda.
Conselho da ONU
O receio é que uma crise militar possa ser explorada por opositores, usando-a como prova da suposta fraqueza dos democratas. Lula já assumiu a responsabilidade do Brasil por uma intermediação sul-americana, através da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), visando obter mais respaldo do que a OEA, considerada inimiga por Caracas.
A CELAC, presidida por Ralph Everard Gonsalves, primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, é vista como uma instituição mais neutra para dialogar com ambas as partes.
Na véspera, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) se reuniu para tratar da crescente tensão entre Venezuela e Guiana, um conflito que ganhou destaque após o referendo realizado no último domingo, no qual a Venezuela conquistou o apoio maciço de seus eleitores para anexar a região que equivale a 70% do território guianense.
Pragmatismo
A diplomacia brasileira definiu uma posição pragmática para lidar com a situação e age dessa forma no Conselho de Segurança. O país optou por repetir o discurso utilizado na recente cúpula do Mercosul, enfatizando a necessidade de a América Latina ser uma zona de paz, e instando o bloco a agir coletivamente nesse sentido.
Fontes ouvidas pela reportagem do Correio do Brasil, nesta manhã, confirmam que o objetivo do Itamaraty é manter a estabilidade na região, o que significa a busca incansável por soluções pacíficas para a disputa na fronteira norte. Na quinta-feira, países do Mercosul, juntamente com Chile, Colômbia, Equador e Peru, assinaram um documento manifestando profunda preocupação com o aumento das tensões entre Venezuela e Guiana.