Durante o painel sobre América Latina, em Davos, Barroso destacou a necessidade de repensar a abordagem em relação à segurança e às drogas, "sem preconceitos" e com “criatividade".
Por Redação, com ABr - de Davos, Suíça
Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Luís Roberto Barroso anunciou nesta quarta-feira, durante participação no Fórum Econômico Mundial, a sua intenção de organizar um encontro, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para debater a política pública para drogas no Brasil. O avanço do narcotráfico nos países latino-americanos e no Brasil, segundo Barroso, tem impacto relevante na segurança pública.
Durante o painel sobre América Latina, em Davos, Barroso destacou a necessidade de repensar a abordagem em relação à segurança e às drogas, "sem preconceitos" e com “criatividade".
— Penso em organizar um grande evento, talvez no Conselho Nacional de Justiça, para nós repensarmos e debatermos a questão da segurança pública no Brasil e a questão das drogas no Brasil sem preconceito, sem superstição, com criatividade, com originalidade e o que seja bom para o Brasil sem copiar modelos alienígenas — afirmou o jurista.
Equador
Barroso evitou utilizar a palavra "descriminalizar", enfatizando que essa é uma questão legislativa. No entanto, ele ressaltou a importância de promover debates sobre o tema.
O presidente do STF participou do painel ao lado do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e da chanceler do Equador, Gabriela Sommerfeld. Petro defendeu a descriminalização como uma solução para a violência. Barroso, por sua vez, mencionou as desigualdades e a escravidão como raízes da violência na América Latina, mas também enfatizou a importância de abordar os problemas crônicos na educação do país.
Durante o painel, o presidente do STF alertou para a disseminação do problema de segurança no Brasil, especialmente na região amazônica. Ele expressou preocupação com a possibilidade de o país perder a soberania da Amazônia para o crime organizado, destacando questões como a extração ilegal de madeira, mineração ilegal, grilagem de terras e a rota do tráfico.
Jovens
Barroso propôs, por fim, abordar "com ousadia e criatividade" a questão das drogas, afirmando que a guerra contra o tráfico está sendo perdida. Ele destacou o foco na maneira como o tráfico captura comunidades inteiras, afetando principalmente as famílias e a educação dos jovens.
— Essa talvez seja a maior violação dos direitos humanos do Brasil. Uma família trabalhadora e honesta não conseguir educar os seus filhos em uma cultura de honestidade porque sofre a concorrência desleal do tráfico, que coopta muitas vezes esses jovens — concluiu.