"Não vejo o PT, o Lula sobretudo, com o radicalismo de esquerda. O Lula pode ter outros defeitos, mas o Lula não é um radical, não se mostrou um radical. Eu acho que pode fazer parte de uma frente democrática para enfrentar essa frente claramente antidemocrática", afirmou o banqueiro André Lara Resende, ex-ministro de FHC.
Por Redação, com RBA - de São Paulo
Ex-presidente do BNDES, o banqueiro André Lara Resende defendeu a participação do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) como o nome da frente democrática para derrotar o atual mandatário Jair Bolsonaro (sem partido) nas eleições do ano que vem. De acordo com o economista, não é interessante para o Brasil repetir uma polarização.
— O PT e o Lula, de certa forma, não são, não demonstraram ser até o momento antidemocráticos no perigo institucional que é o bolsonarismo — afirmou, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite passada.
Lara Resende ainda acrescentou que vê em Lula uma única via de transposição do bolsonarismo.
— Não vejo o PT, o Lula sobretudo, com o radicalismo de esquerda. O Lula pode ter outros defeitos, mas o Lula não é um radical, não se mostrou um radical. Eu acho que pode fazer parte de uma frente democrática para enfrentar essa frente claramente antidemocrática (...). A transposição do bolsonarismo (do RJ) para o nível nacional... só pessoas muito irresponsáveis ou com um bloqueio mental completo podem não perceber quão perigoso é esse processo — acrescentou.
Lava Jato
Lara Resende ainda fez duras críticas ao momento político do país.
— Como é que este Brasil, de figuras extraordinárias (…) chegou a ter como presidente Bolsonaro e essas pessoas que estão aí? (…) O fracasso (em problemas estruturais) levou a um corpo duro de ressentimento que elege os piores, elege a barbárie — adicionou.
Ainda na tarde passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski anulou as provas produzidas contra o ex-presidente Lula pela Odebrecht em acordo de leniência com a Operação Lava Jato, impedindo seu uso pela Justiça Federal de Brasília.
A decisão do ministro Lewandowski reconhece as mensagens extraídas dos arquivos oficiais da Operação Spoofing com autorização do Supremo Tribunal Federal, o que confirma a atuação ilegal do ex-juiz Sergio Moro e dos procuradores da Lava Jato. A decisão foi tomada inicialmente em relação ao inquérito relacionado à sede do Instituto Lula, no qual o ex-presidente chegou a ser considerado réu com mais três pessoas.