Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Autoridades de SP escapam de ataque do PCC após operação policial

Ministério Público e Polícia Civil realizam operação contra o PCC, cumprindo 25 mandados contra suspeitos de planejar atentados a autoridades em SP.

Sexta, 24 de Outubro de 2025 às 13:39, por: CdB

Ministério Público e Polícia Civil cumprem 25 mandados em cidades do interior paulista contra suspeitos de planejar atentado contra Lincoln Gakyia e Roberto Medina.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

O Ministério Público e a Polícia Civil de São Paulo deflagraram na manhã desta sexta-feira uma operação contra integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) suspeitos de planejar o assassinato do promotor de Justiça Lincoln Gakyia e do coordenador de presídios da Região Oeste, Roberto Medina. Ao todo, estão sendo cumpridos 25 mandados de busca e apreensão em sete cidades do interior paulista.

Autoridades de SP escapam de ataque do PCC após operação policial | Operação mira suspeitos de monitorar a rotina de autoridades
Operação mira suspeitos de monitorar a rotina de autoridades

Segundo as autoridades, a Justiça também autorizou a quebra dos sigilos telefônico e telemático dos investigados, para aprofundar a apuração sobre o envolvimento de outros membros da facção criminosa. As ordens judiciais estão sendo executadas em Presidente Prudente (11), Álvares Machado (seis), Martinópolis (dois), Pirapozinho (dois), Presidente Venceslau (dois), Presidente Bernardes (um) e Santo Anastácio (um).

A investigação aponta que a ordem para os ataques partiu diretamente da cúpula do PCC. O objetivo seria eliminar Gakyia e Medina, que há anos são responsáveis por medidas rigorosas de combate à organização dentro e fora dos presídios.

Início da investigação e prisões

As apurações começaram em julho, após a prisão em flagrante de Vitor Hugo da Silva, conhecido como VH, por tráfico de drogas. Durante a análise do celular apreendido, os policiais encontraram informações que indicavam a participação dele em um plano para assassinar Roberto Medina.

O aparelho continha fotos, vídeos e descrições detalhadas da rotina do coordenador de presídios, incluindo o trajeto de casa até o trabalho. Em conversas de áudio, os suspeitos demonstravam preocupação em serem filmados nas imediações da residência de Medina, evidenciando o grau de monitoramento a que a vítima era submetida.

A partir da prisão de VH, os investigadores chegaram a outro integrante do grupo, Wellison Rodrigo Bispo de Almeida, conhecido como Corinthinha, também apontado como membro do PCC. Ele foi detido em Martinópolis, mas havia alugado uma chácara em Presidente Bernardes, a 53 quilômetros dali. Aos policiais, alegou que estava se escondendo por temer represálias de um policial, mas as investigações mostraram que o imóvel era usado para observar Medina a mando da facção.

Novo suspeito e conexão com o PCC

Um terceiro envolvido, identificado como Sérgio Garcia da Silva, o Messi, foi preso em 26 de setembro também por tráfico de drogas. Durante a operação, a polícia encontrou um celular escondido debaixo de um travesseiro, com mensagens que detalhavam o plano de ataque não só contra Medina, mas também contra o promotor Lincoln Gakyia.

As conversas incluíam capturas de tela e mapas mostrando o trajeto que Gakyia fazia diariamente de casa até o trabalho, em Presidente Prudente. Imagens de drones e relatórios de vigilância revelaram que os suspeitos haviam alugado uma casa a menos de um quilômetro do condomínio onde o promotor mora. O local, segundo os investigadores, funcionava como ponto de encontro de membros do PCC e também como centro de distribuição de drogas.

Plano de execução e semelhanças com outro crime

As investigações indicam que o grupo planejava atacar Gakyia durante o percurso entre sua residência e o local de trabalho, aproveitando a rotina previsível do promotor. Embora as autoridades descartem, por enquanto, uma ligação direta entre esse plano e o assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, há coincidências que chamam atenção: tanto Gakyia quanto Medina começaram a ser monitorados em julho, o mesmo período em que os executores de Fontes passaram a segui-lo em Praia Grande.

Reforço na segurança e alerta do governo

Após a descoberta do plano, a segurança de Lincoln Gakyia e Roberto Medina foi reforçada. Ambos são alvos históricos do PCC por atuarem diretamente em investigações e medidas de isolamento de lideranças da facção. O promotor, que já vive sob escolta há anos, ganhou notoriedade por sua atuação firme contra o crime organizado, especialmente em processos que resultaram na transferência de chefes do PCC para presídios federais de segurança máxima.

O Ministério Público destacou que os ataques planejados representam uma escalada na ousadia da facção, que tem buscado retaliar autoridades que dificultam sua comunicação e controle sobre as prisões.

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