Rio de Janeiro, 17 de Dezembro de 2025

Aos 9 anos, morador do Alemão é aprovado na Escola Bolshoi

Victor Hugo Santana, morador do Alemão, é aprovado na Escola Bolshoi e inspira novos talentos com o projeto ViDançar. Conheça sua história emocionante!

Quarta, 17 de Dezembro de 2025 às 12:26, por: CdB

Aprovado em uma das escolas de balé mais prestigiadas do país, Victor Hugo inspira novas audições do projeto ViDançar.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

Do chão da comunidade aos palcos de uma das escolas de balé mais respeitadas do mundo. Esse foi o salto dado por Victor Hugo Santana da Silva, de apenas 9 anos, morador do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Segundo reportagem do diário conservador carioca O Globo, o menino acaba de ser aprovado na Escola Bolshoi, em Joinville, Santa Catarina, e se prepara para uma mudança que promete redefinir a rotina e o futuro de toda a família. No embalo dessa conquista, o projeto ViDançar, responsável por revelar o talento do garoto, abriu uma nova rodada de audições, ampliando o alcance de uma iniciativa que vem mudando trajetórias.

Aos 9 anos, morador do Alemão é aprovado na Escola Bolshoi | Victor Hugo comemora com a professora Renata Gouveia a aprovação na Escola Bolshoi
Victor Hugo comemora com a professora Renata Gouveia a aprovação na Escola Bolshoi

Victor Hugo foi aprovado na etapa final da Seleção Nacional 2026 da Escola Bolshoi para ingresso no primeiro ano do curso de dança clássica. Aluno do ViDançar há pouco mais de um ano, ele chama atenção pela rapidez com que evoluiu e pela intensidade com que abraçou a dança.

Uma seleção disputada e rigorosa

O processo seletivo do Bolshoi reuniu candidatos de Santa Catarina, de outros 17 Estados brasileiros e também da Argentina e do Peru. Ao todo, mais de três mil bailarinos participaram das pré-seletivas realizadas ao longo do ano.

Na fase presencial, na sede da escola em Joinville, 320 crianças passaram por avaliações detalhadas. Os testes médico-fisioterápicos analisaram postura, força, estrutura física e habilidades motoras. Já as avaliações artístico-musicais e cognitivas observaram musicalidade, técnica, flexibilidade, projeção cênica e desempenho intelectual.

Ao final, apenas 38 crianças foram aprovadas para o curso de dança clássica e outras 20 para o curso preparatório. A formação, que começa em fevereiro de 2026, é totalmente gratuita e inclui alimentação, transporte, figurinos, uniformes, assistência social, atendimento de saúde e toda a estrutura técnica da escola.

Uma mudança que envolve toda a família

Com a aprovação, Victor Hugo, os pais e o irmão mais velho, Kauã, de 15 anos, já se organizam para deixar o Rio de Janeiro e iniciar uma nova vida em Joinville. Antes de se dedicar ao balé, o menino praticava ginástica artística no Flamengo e chegou a ser atleta federado. A dança, no entanto, sempre falou mais alto.

Segundo a mãe, Jessika Coelho, a rotina intensa da ginástica e os custos de formar um artista morando em uma comunidade tornavam o caminho ainda mais difícil.

O papel do ViDançar na virada

A grande mudança aconteceu quando a família conheceu o projeto ViDançar. Uma audição realizada no próprio projeto garantiu a Victor Hugo uma bolsa integral no Studio Gouveia Coaching, onde passou a treinar sob a orientação da professora Renata Gouveia, responsável por prepará-lo para a exigente seleção do Bolshoi.

Para Ellen Serra, fundadora e CEO do ViDançar, a aprovação do aluno simboliza muito mais do que um resultado individual. “É emocionante testemunhar a transformação de uma família da periferia através da arte”, disse.

Acolhimento e emoção na aprovação

A coordenadora da Seleção Nacional do Bolshoi, Sylvana Albuquerque, destaca que o processo vai além da técnica. “Muitas crianças chegam cheias de expectativas e medos. Nosso papel é acolhê-las”, diz.

A notícia da aprovação foi recebida com choro, surpresa e incredulidade na casa da família, como lembra Jessika. “Ouvi ele gritando antes mesmo do horário previsto. Estava emocionado, sem acreditar”.

Para viabilizar a mudança, os pais organizam uma vaquinha e contam com a ajuda de parentes e amigos. Mesmo às vésperas de deixar o Alemão, Victor mantém o vínculo com suas origens como parte essencial do sonho.

Sonhos que vão além do Bolshoi

O horizonte de Victor Hugo não termina em Joinville. Segundo a mãe, o garoto já fala em voos ainda mais altos. “Ele fala da Ópera de Paris desde pequeno”, diz, emocionada.

Enquanto se prepara para essa nova etapa, a história de Victor Hugo também impulsiona o ViDançar a abrir novas audições, reforçando a ideia de que talento existe em todos os lugares e que oportunidades podem mudar destinos inteiros.

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