Rio de Janeiro, 08 de Dezembro de 2025

Operação no Alemão e Penha deixa quatro mortos e 23 presos

Ação mobilizou mais de 2,5 mil policiais. As atividades em mais de 40 escolas da região foram interrompidas.

Terça, 28 de Outubro de 2025 às 09:44, por: CdB

Ação mobilizou mais de 2,5 mil policiais. As atividades em mais de 40 escolas da região foram interrompidas.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

Uma megaoperação nesta terça-feira com 2,5 mil agentes nos complexos do Alemão e Penha, Zona Norte do Rio, tenta prender líderes do Comando Vermelho. Ação tem 23 presos e quatro suspeitos mortos, segundo as autoridades. Dois deles eram criminosos foragidos da Bahia.

Operação no Alemão e Penha deixa quatro mortos e 23 presos | Megaoperação contra o CV mobiliza 2,5 mil policiais nos complexos do Alemão e Penha
Megaoperação contra o CV mobiliza 2,5 mil policiais nos complexos do Alemão e Penha

Atingido em meio ao fogo cruzado, um morador de rua foi socorrido por um mototaxista e levado ao Hospital Getúlio Vargas. Dez fuzis, uma pistola e nove motos foram apreendidas. As atividades em mais de 40 escolas foram interrompidas na região.

Vídeos gravados por moradores mostram o intenso tiroteio, fumaça e a entrada de policiais no território. A Operação Contenção, como é chamada a ação das forças policiais, conta com dois helicópteros, 32 blindados, 12 veículos de demolição, drones e ambulâncias.

Os criminosos reagiram com tiros e com barricadas em chamas. A operação também conta com a participação do Ministério Público nas 26 comunidades dos complexos de favela sob o domínio do CV.

Um dos principais alvos da ação é Edgar Alves de Andrade, o Doca, apontado como o principal líder do CV nas ruas. O Ministério Público do Rio informou ter denunciado 67 pessoas por associação para o tráfico. Três delas também foram denunciadas pelo crime de tortura. A operação visa cumprir 51 mandados de prisão, informa a Promotoria.

A investida, que ocorreu a partir de mais de um ano de investigações, conta com mandados de prisão e de busca e apreensão obtidos em meio a investigações conduzidas pela Delegacia de Repressão de Entorpecentes (DRE). Um dos objetivos é o de capturar lideranças do CV no Rio e de outros estados para combater a expansão territorial da facção criminosa.

– Estamos atuando com força máxima e de forma integrada,  para deixar claro que quem exerce o poder é o Estado. Seguiremos firmes na luta contra o crime organizado – disse Cláudio Castro, governador do RJ.

Participaram da Operação Contenção policiais militares do Comando de Operações Especiais e das unidades operacionais da PM da capital e região metropolitana. A Polícia Civil mobilizou agentes de todas as delegacias especializadas, distritais, da Core, do Departamento de Combate à Lavagem de Dinheiro e da Subsecretaria de Inteligência.

‘Arrancaram pedaço de mim’: pai de vítima na Pedreira desabafa

O mototaxista Elison Nascimento Vasconcelos, de 33 anos, foi morto durante um intenso tiroteio no Complexo da Pedreira, na Zona Norte do Rio, entre a noite de domingo e a madrugada de segunda-feira. A vítima, que voltava de um pagode e havia acabado de deixar a namorada em casa, foi atingida por um tiro no tórax e não resistiu.

O pai de Elison, Edson Vasconcelos Brum, contou que ele mesmo socorreu o filho, levando-o ao Hospital Municipal Francisco da Silva Telles, em Irajá. “Meu filho era morador da região desde os 2 anos de idade. Não tinha envolvimento com drogas nem com o tráfico. Gostava de tomar a cervejinha dele nos fins de semana, apenas. Agora arrancaram uma parte de mim da forma mais cruel e violenta possível”, lamentou em entrevista ao Dia.

Desespero e revolta da família

Emocionado, Edson recordou os últimos momentos ao lado do filho. “Eu tive que pegar meu filho com um tiro no tórax e carregar o corpo”, disse, com a voz embargada. A mãe da vítima, em choque ao receber a notícia, precisou ser internada após passar mal. “A mãe está em estado de choque. Então eu estou responsável por resolver toda a burocracia. Estou igual a um zumbi, me arrastando”, desabafou o pai.

Elison trabalhava de carteira assinada e, nas horas vagas, complementava a renda como mototaxista por aplicativo. Ele havia acabado de comprar uma moto nova para trabalhar. Até o meio da tarde desta segunda-feira, a família aguardava a chegada do rabecão da Defesa Civil para levar o corpo ao Instituto Médico Legal (IML). Ainda não há informações sobre o sepultamento.

Guerra entre facções faz novas vítimas

No mesmo confronto entre o Terceiro Comando Puro (TCP) e o Comando Vermelho (CV), a moradora Marli Macedo dos Santos, de 60 anos, foi feita refém por criminosos e morreu baleada dentro de casa. A guerra entre as facções já deixou quatro mortos nas últimas horas — dois suspeitos e dois moradores. Outros cinco suspeitos foram presos pela Polícia Militar.

A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga os casos. Moradores relatam que os confrontos têm se tornado frequentes na região, afetando até serviços essenciais. Na última sexta-feira, uma operação policial na Pedreira ocorreu um dia após um intenso tiroteio que atingiu pacientes e funcionários do Centro Municipal de Saúde Fazenda Botafogo, obrigando o fechamento temporário da unidade.

Edições digital e impressa