Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Com mais de 60 mortos, ação no Alemão e Penha é a maior contra o CV

A operação nos complexos do Alemão e da Penha mobilizou 2,5 mil agentes e resultou em 60 mortes, sendo a maior ação contra o Comando Vermelho na história do Rio de Janeiro.

Terça, 28 de Outubro de 2025 às 14:53, por: CdB

Ação mobilizou 2,5 mil agentes e resultou na prisão de líderes do tráfico em uma ofensiva inédita.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

A maior operação já realizada contra o Comando Vermelho no Rio de Janeiro transformou os complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte da cidade, em cenário de guerra nesta terça-feira. A ação conjunta da Polícia Civil, Polícia Militar e do governo estadual mobilizou cerca de 2,5 mil agentes e resultou em 81 prisões e 64 mortes — entre elas, as de quatro policiais, dois civis e dois do Bope.

Com mais de 60 mortos, ação no Alemão e Penha é a maior contra o CV | Operação no Alemão e Penha deixa 60 mortos e vira a maior contra o CV
Operação no Alemão e Penha deixa 60 mortos e vira a maior contra o CV

Confira o ranking das operações mais letais na cidade:

Operação desta terça nos Complexos Alemão e Penha: 60 mortes

Jacarezinho (maio de 2021) – 28 mortos

Vila Cruzeiro (maio de 2022) – 24 mortos

Complexos do Alemão e da Penha (outubro de 2025) – 24 mortos

Complexo do Alemão (junho de 2007) – 19 mortos

Senador Camará (janeiro de 2003) – 15 mortos

Fallet/Fogueteiro (fevereiro de 2019) – 15 mortos

Complexo do Alemão (julho de 1994) – 14 mortos

Complexo do Alemão (maio de 1995) – 13 mortos

Morro do Vidigal (julho de 2006) – 13 mortos

Catumbi (abril de 2007) – 13 mortos

Durante entrevista coletiva no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), o governador Cláudio Castro afirmou que a operação foi planejada para ocorrer em áreas de mata, fora das comunidades, com o objetivo de reduzir riscos à população. Ele classificou a ofensiva como “a maior da história” e disse que o Estado agiu para conter o avanço territorial da facção.

Drones e bombas contra policiais

A ação, deflagrada ao amanhecer, encontrou resistência violenta de criminosos, que usaram drones equipados com explosivos, bombas caseiras e veículos incendiados como barricadas. O confronto foi intenso nas duas comunidades, com relatos de moradores encurralados em casa e ruas interditadas por fogo e escombros.

Dois agentes da Polícia Civil morreram em serviço. Marcos Vinicius Cardoso Carvalho, de 51 anos, conhecido como Máskara, era chefe da 53ª DP (Mesquita) e foi atingido durante o confronto. O outro policial morto foi Rodrigo Velloso Cabral, de 34 anos, lotado na 39ª DP (Pavuna).

Prisão de braço direito de Doca

Durante a coletiva, o secretário da Polícia Civil, Felipe Curi, recebeu a notícia de que o traficante Thiago do Nascimento Mendes, o “Belão do Quitungo”, havia sido preso. Ele é apontado como braço direito de Edgard Alves de Andrade, o “Doca”, considerado uma das principais lideranças do Comando Vermelho.

Belão, segundo a Polícia Civil, chefiava o tráfico no Morro do Quitungo, também na Penha, e estava envolvido em esquemas de tráfico de drogas, comércio ilegal de armas e confrontos entre facções. Sua prisão foi considerada um dos principais resultados da operação.

Mandados e alvos do Ministério Público

A megaoperação tinha como foco o cumprimento de 51 mandados de prisão contra integrantes do CV no Complexo da Penha. Ela contou com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), da Core (Polícia Civil) e do Bope (Polícia Militar).

Segundo o Ministério Público, o Complexo da Penha é um ponto estratégico para o escoamento de drogas e armas devido à sua proximidade com vias expressas. O órgão denunciou 67 pessoas por associação ao tráfico e três por tortura. Entre os denunciados estão líderes como Doca, Pedro Paulo Guedes (Pedro Bala), Carlos Costa Neves (Gadernal) e Washington Cesar Braga da Silva (Grandão).

Essas lideranças, conforme a denúncia, comandam o comércio de entorpecentes, determinam escalas de vigilância armada e autorizam execuções de rivais ou subordinados que contrariem as ordens da facção. Outros 15 denunciados atuavam como gerentes do tráfico, responsáveis pela contabilidade e logística.

Maior letalidade desde o Jacarezinho

Com 52 mortos confirmados, a operação entra para a história como uma das mais letais do estado. Fica atrás apenas da ação no Jacarezinho, em 2021, que deixou 28 mortos, e iguala a da Vila Cruzeiro, em 2022, com 24 óbitos. Todas ocorreram sob o governo Cláudio Castro.

O governo do estado sustenta que as ações visam desarticular o poderio bélico das facções, enquanto entidades de direitos humanos e parlamentares da oposição prometem cobrar explicações sobre a alta letalidade e os métodos empregados pelas forças de segurança.

Edições digital e impressa