Com o discurso, o pedido de uma trégua na relação entre ambos, tensionada desde a escolha de Lula para o substituto do ministro Luís Roberto Barroso no STF, Alcolumbre encerra uma série de ataques ao Planalto.
Por Redação – de Brasília
Em seu retorno à residência oficial da Presidência do Congresso, na próxima semana, o senador Davi Alcolumbre (UB-AP) espera ser chamado para uma conversa com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). E, assim, encerrar as tensões que ele mesmo provocou, com a reação negativa ao nome do advogado-Geral da União, Jorge Messias, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Alcolumbre queria que o indicado fosse o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Na manhã desta sexta-feira, em uma solenidade no Amapá, o presidente do Congresso rasgou elogios a Lula e, em um recado claro encaminhado ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que já coordenou o núcleo político do governo, agradeceu ao líder petista por todo o apoio que recebeu, até agora, ao longo de sua carreira.
— Padilha, muito obrigado. Leve meus agradecimentos, pessoal e institucional, ao presidente da República, que tem nos apoiado e apoiado o Amapá a todo instante — afirmou.
Planalto
Com o discurso, o pedido de uma trégua na relação entre ambos, tensionada desde a escolha de Lula para o substituto do ministro Luís Roberto Barroso no STF, Alcolumbre encerra uma série de ataques ao Planalto. O nome de Messias precisa de 41 votos, no Plenário do Senado, para chegar à Corte Suprema, mas ainda enfrenta forte resistência de setores ligados ao chamado ‘Centrão’, liderado pelo chefe da Casa.
Na véspera, em um novo episódio negativo, o presidente do Senado se irritou com uma fala do presidente de que o Congresso teria sequestrado o Orçamento por meio das emendas parlamentares, e reclamou com integrantes do Palácio do Planalto.
Nesta manhã, porém, já em seu estado natal, onde foi inaugurado o primeiro Centro de Radioterapia do Amapá com investimentos de R$ 17 milhões do Ministério da Saúde, Alcolumbre rasgou elogios a Lula.
Reconciliação
— Padilha, a sua presença aqui é a presença do governo federal, do Estado brasileiro, que nunca faltou ao povo do Amapá. A sua presença aqui é a presença do presidente da República ajudando o nosso Amapá. Então, os meus agradecimentos ao presidente Lula pela sensibilidade, pelo compromisso e pelo espírito público, muito especialmente com todos os brasileiros, mas de maneira muito carinhosa com o Norte e com o Nordeste do Brasil que vive um abismo gigantesco do ponto de vista social e humano. E esse olhar é fundamental — elogiou.
A sessão encerrada na noite anterior foi a primeira de maior reconciliação entre o governo e o presidente do Senado, com a LDO aprovada por consenso e negociada com o Palácio do Planalto. A interlocutores, Lula sinalizou que pretende reunir-se com Alcolumbre para conversar e acertar os ponteiros.
Até a indicação de Messias, o presidente do Senado era o principal aliado do petista dentro do Congresso e fazia um contraponto com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), com quem o Planalto vive uma relação de desgaste.