Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Alcolumbre escala crise com Planalto, por conta do STF

Tensão entre Alcolumbre e Lula aumenta com a indicação de Jorge Messias ao STF. Descubra os detalhes dessa crise política.

Sexta, 28 de Novembro de 2025 às 21:16, por: CdB

O convite é visto por aliados de Messias como um balde de água fria na fervura levantada após o Senado derrubar vetos presidenciais e sinalizar que o indicado ao STF ainda não reúne os 41 votos necessários para aprovação.

Por Redação – de Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo o centro político do Planalto, estaria pronto a convidar o presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (UB-AP) para uma reunião e, assim, reduzir a tensão que escalou nos últimos dias por conta de atitudes de senadores aliados ao chefe da Casa. O motivo do encontro resume-se a um gesto simbólico, quando Lula entregará, pessoalmente, a Alcolumbre a mensagem formal que comunica a indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF) e que deverá ser lida em Plenário.

Alcolumbre escala crise com Planalto, por conta do STF | O advogado-Geral da União, Jorge Messias, é um nome de peso na indicação ao STF
O advogado-Geral da União, Jorge Messias, é um nome de peso na indicação ao STF

O convite é visto por aliados de Messias como um balde de água fria na fervura levantada após o Senado derrubar vetos presidenciais e sinalizar que o indicado ao STF ainda não reúne os 41 votos necessários para aprovação. No gabinete da Presidência do Senado, a conversa entre os titulares dos Poderes Executivo e Legislativo tende a ocorrer no Planalto, mas uma visita do presidente à residência oficial do Senado não está descartada.

‘Centrão’

Ao se deslocar do Planalto para o campo adversário, na interpretação de senadores próximos a Alcolumbre, tem o condão de indicar a boa vontade de Lula para a retomada do diálogo com os parlamentares que queriam ver o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) escolhido para a vaga aberta com a aposentadoria antecipada de Luís Roberto Barroso.

— Com certeza, não se recusa agenda ao presidente da República. Sobretudo se Lula pedir pra ir na residência oficial do Senado — disse um senador do chamado ‘Centrão’, núcleo político do qual Alcolumbre faz parte, para a mídia conservadora na manhã desta sexta-feira.

Embora tenha publicado a indicação de Messias no Diário Oficial da União (D.O.U), o documento formal da comunicação entre Executivo e Legislativo, ainda não foi encaminhada pelos canais competentes. Essa demora, no entanto, ampliou o desconforto na Mesa Diretora da Casa uma vez ter sido interpretada como possível tentativa de Lula de adiar a sabatina, marcada para o próximo dia 10, em um tempo exíguo para que o indicado converse com todos os senadores.

 

Evangélicos

A própria definição da data da sabatina, segundo analistas, integra a estratégia de Alcolumbre para limitar o tempo de articulação de Messias. Em apenas 15 dias, torna-se inviável a busca de apoio entre os 81 integrantes do Senado.

Aliados de Alcolumbre, no entanto, entendem que o presidente da Casa não quer repetir o que ocorreu na indicação de André Mendonça ao STF, em 2021. À época, a demora para agendar a sabatina permitiu que Mendonça se mobilizasse amplamente, revertendo resistências e garantindo aprovação por 47 votos — apenas seis acima do mínimo necessário.

O próprio Mendonça, agora, tem atuado em apoio a Messias, principalmente entre senadores da oposição, que classificam o indicado como um quadro petista e pessoa da mais alta confiança do presidente. Evangélicos, Messias é um alto membro da Igreja Batista e Mendonça, pastor da Igreja Presbiteriana.

 

Votos

Enquanto Lula não entra em campo, o presidente do Senado tem elevado a pressão e disse a aliados que já reúne 60 votos para derrubar o nome escolhido por Lula, algo que não acontece na História brasileira há mais de 200 anos. Caso o governo mobilize os votos suficientes, Alcolumbre teria anunciado que reduzirá o tempo de votação para impedir que Messias alcance os 41 votos necessários.

Mesmo entre os integrantes do ‘Centrão’, ouvidos pela reportagem do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo nesta manhã, os tais 60 votos prometidos por Alcolumbre soam como exagero, embora reconheçam que há maioria contrária ao nome de Messias.

Segundo Alcolumbre, em sua disputa com o Planalto, o governo terá de “apostar uma corrida” para garantir que 41 senadores registrem o voto antes que ele encerre a sessão. A estratégia de acelerar o processo foi lida, na mesa do presidente Lula, como um claro recado da tensão entre os dois Poderes da República.

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