“Do jeito que as coisas estão e com a velocidade que está tomando a pandemia, a destruição econômica e a miséria da população, acho que muito mais cedo do que tarde o próprio ‘Centrão’ abandonará o barco, e neste caso é muito provável que tomem o caminho do impeachment.
Por Redação, com RBA - de São Paulo
Bolsonaro abriu seu jogo com relação às Forças Armadas, e com isso deverá precipitar um processo de separação entre a turma da farda e a turma do pijama. Decidiu agredir o comandante do Exército e o mais provável é que provoque um fechamento de posição da oficialidade das três Armas em torno da posição defendida pelo general Edson Pujol. Ou seja, uma vez mais, Bolsonaro ficou sem pão nem pedaço, e agora deverá ser colocado na cadeirinha de castigo simultaneamente pelas Forças Armadas e pelo Centrão. Este é um resumo da avaliação feita pelo professor José Luís Fiori, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em entrevista ao site Tutaméia, divulgada nesta segunda-feira.
Professor de Economia Política Internacional, Fiori concedeu entrevista por escrito a Eleonora de Lucena, da Tutaméia, na qual afirma:
“Do jeito que as coisas estão e com a velocidade que está tomando a pandemia, a destruição econômica e a miséria da população, acho que muito mais cedo do que tarde o próprio ‘Centrão’ abandonará o barco, e neste caso é muito provável que tomem o caminho do impeachment. Mas, se as coisas tomarem este caminho, acho que antes os próprios militares se encarregarão de retirar esse senhor da Presidência, obrigando-o a renunciar ou o levando para ser internado”.
Oposição
Para Fiori, o papel futuro das Forças Armadas será aceitar sua função constitucional e ajudar a encerrar esse “episódio lamentável” da história, antes de voltarem definitivamente as quartéis. E papel atual da oposição, antes de discutir 2020, é ajudar o povo brasileiro a enfrentar e superar este momento terrível. “E somar forças para que nunca mais volte a acontecer no Brasil uma tragédia dessas proporções”, acrescenta.
Para o futuro breve, segundo Fiori, as tarefas mais urgentes da oposição neste momento são “ajudar o povo brasileiro a enfrentar e superar este momento terrível da sua história, propondo medidas parlamentares que possam atenuar o sofrimento da população, o desemprego e a morte de milhares de brasileiros ainda este ano e no próximo. Unir-se e fazer oposição ferrenha a esse governo, para impedir a desintegração completa das redes de sociabilidade que ainda mantém o Brasil unido, e somar forças para que nunca mais volte a acontecer no Brasil uma tragédia dessas proporções”.