A imagem levada ao ar pelo canal estatal de TV Brasil, em que generais do Exército batem continência a um presidente sisudo e depressivo, circula pelas redes sociais com o comentário irônico de que há um clima de ‘velório’, “pela expressão catatônica de Bolsonaro", afirma o jornalista Chico Alves.
Por Redação - de Brasília
Pessoas próximas ao presidente em fim de mandato, Jair Bolsonaro (PL), falam sem reservas sobre seu abatimento profundo. Desde a derrota no segundo turno da eleição, vencida por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o mandatário tem demonstrado comportamento passivo, sem a energia ou as explosões de fúria que sempre foram características.
A imagem levada ao ar pelo canal estatal de TV Brasil, em que generais do Exército batem continência a um presidente sisudo e depressivo, circula pelas redes sociais com o comentário irônico de que há um clima de ‘velório’, “pela expressão catatônica de Bolsonaro”, segundo classifica o jornalista Chico Alves, em sua coluna no portal de notícias UOL.
"Ele acreditava que haveria alguma mudança no quadro político, por conta das manifestações à porta dos quartéis e nas rodovias, mas acho que percebeu que não tem jeito", opinou à coluna um amigo de Bolsonaro que esteve com ele no último fim de semana, na formatura de cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), no Rio, e que mantém contato frequente por telefone.
Novo processo
Não bastasse a pilha de processos a que Bolsonaro precisará responder, sem a proteção do cargo, o gabinete de transição do presidente eleito confirmou, nesta manhã, que acionará legalmente o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) após ter detectado indícios de abuso de poder econômico durante as eleições por meio do programa Auxílio Brasil.
Segundo a equipe de Lula, Bolsonaro incluiu 2,5 milhões de pessoas pouco antes da eleição no programa — benefícios que deverão passar por revisão e, se irregulares, serem retirados pelo futuro governo. De acordo com o coordenador de grupos técnicos da transição, o ex-ministro Aloizio Mercadante, a intenção é acionar Bolsonaro em diversas instâncias e órgãos de fiscalização, como Ministério Público, Tribunal de Contas da União e Controladoria-Geral da União.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS), uma das coordenadoras do grupo técnico de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, chegou a falar nesta quinta-feira que a questão deve causar a inelegibilidade dos gestores envolvidos.
— (Vamos) chegar a uma relação (de casos), e a denúncia estaremos encaminhado para Ministério Público, CGU, Justiça Eleitoral e para as autoridades cabíveis. O processo pode gerar inclusive inelegibilidade de algumas autoridades públicas se comprovar que elas tinham relação direta ou tinham fim eleitoreiro — adiantou Tebet.
Fraude
Uma das coordenadoras do grupo técnico da transição de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, a ex-ministra Tereza Campello, também notou o crescimento anormal na quantidade de beneficiários unipessoais — que residem sozinhos em determinada moradia. A situação pode configurar fraude, caso duas pessoas da mesma família tenham se cadastrado, independentemente uma da outra, com o objetivo de acumular dois benefícios.
Campello mostrou gráficos que indicam que o comportamento do perfil dos beneficiários se manteve constante ao longo do governo Bolsonaro, com exceção de alguns períodos específicos, quando houve aumento dos beneficiários com esse perfil.
Em apenas um mês, no fim do ano passado, 1 milhão de pessoas se cadastraram para receber o Auxílio Brasil como núcleos unipessoais, diz Campello. A situação foi ignorada por eventuais sistemas de controle do Ministério da Cidadania, responsável pelo programa, e se agravou posteriormente.