Quinta, 25 de Fevereiro de 2021 às 11:59, por: CdB
Estudo em Israel com 1,2 milhão de pessoas confirma alta eficácia verificada em testes clínicos para imunizante da Pfizer e da Biontech, trazendo esperança sobre capacidade da vacinação em massa de deter a pandemia.
Por Redação, com DW - de Nova York
Um amplo estudo envolvendo cerca de 1,2 milhão de pessoas em Israel revelou que a vacina contra a covid-19 desenvolvida pela farmacêutica americana Pfizer em parceria com a empresa alemã Biontech é 94% eficaz contra casos sintomáticos da doença.
Trata-se do primeiro grande estudo conduzido em condições reais sobre a vacina da Pfizer-Biontech a ser revisado por especialistas independentes. Os resultados, publicados nesta quarta-feira (24/02) na revista científica New England Journal of Medicine, trazem esperança sobre a capacidade de campanhas de vacinação em massa conseguirem deter a pandemia.
Até agora, a maioria dos dados disponíveis sobre imunizantes contra a covid-19 proveio de ensaios clínicos realizados sob condições controladas, deixando a incerteza de como seriam os resultados sob variáveis não previsíveis em situações reais.
O estudo em Israel, que iniciou sua campanha de vacinação com o imunizante da Pfizer-Biontech há pouco mais de dois meses, mostrou que duas doses do imunizante reduziram os casos sintomáticos de covid-19 em 94% em todas as faixas etárias.
A percentagem, verificada a partir de sete dias depois da aplicação da segunda dose, ficou muito próxima dos 95% de eficácia alcançados em testes clínicos de fase 3.
– Ficamos surpresos, porque esperávamos que no mundo real, onde a cadeia de frio não é mantida perfeitamente e a população é mais velha e mais doente, não fossem obtidos resultados tão bons quanto os dos ensaios clínicos controlados – disse o principal autor do estudo, Ran Balicer, à agência de notícias Reuters. "Mas a vacina funcionou igualmente bem no mundo real."
– Mostramos que a vacina é igualmente eficaz em subgrupos muito diferentes, nos jovens e nos idosos, naqueles sem comorbidades e naqueles com poucas comorbidades – acrescentou.
O estudo também mostrou que a vacina já é 57% eficaz contra casos sintomáticos de duas a três semanas após a aplicação da primeira dose.
A vacina também se mostrou 92% eficaz na prevenção de casos graves após duas doses e 62% depois de uma. Sua eficácia estimada para evitar mortes foi de 72% de duas a três semanas após a primeira dose, o que pode ainda melhorar, já que a imunidade aumenta com o tempo.
A eficácia verificada em termos de prevenção de hospitalizações foi de 74% após uma dose e 87% após duas.
Dados sobre eficácia contra variantes
O estudo também sugere que a vacina é eficaz contra a variante mais contagiosa do coronavírus identificada pela primeira vez no Reino Unido. Os pesquisadores disseram que não poderiam fornecer um nível específico de eficácia, mas que a variante era a versão dominante do vírus em Israel no momento do estudo.
A pesquisa não trouxe dados sobre como a vacina da Pfizer-Biontech age contra a cepa agora dominante na África do Sul, que demonstrou reduzir a eficácia de outras vacinas, nem contra a brasileira, conhecida como "variante de Manaus".
Dos mais de 9 milhões de habitantes de Israel, cerca de metade recebeu uma dose do imunizante da Pfizer-Biontech, e um terço recebeu duas doses desde que a vacinação começou, em 19 de dezembro. Isso, juntamente com um sistema avançado de coleta de dados, fez do país um local privilegiado para um estudo de "mundo real" sobre a capacidade da vacina de conter a pandemia.
Participaram do estudo cerca de 600 mil pessoas que receberam a vacina, e cerca de 600 mil do grupo de controle, que não receberam o imunizante mas tinham características correspondentes às dos vacinados em termos de idade, sexo, condições de saúde, entre outros aspectos.
O estudo foi encomendado pelo Instituto de Pesquisa Clalit e contou com a colaboração de pesquisadores da Escola de Saúde Pública Harvard T.H. Chan, da Escola de Medicina da Universidade de Harvard e do Hospital infantil de Boston.
Vacina da Pfizer-Biontech no Brasil
Nesta terça-feira, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) comunicou que concedeu o registro definitivo da vacina contra a covid-19 da Pfizer-Biontech.
O imunizante é o primeiro a obter registro definitivo na agência brasileira. Até então, o órgão havia concedido apenas aprovações de uso emergencial, uma para a chinesa Coronavac, desenvolvida em parceria com o Instituto Butantan, e outra para a vacina de Oxford e do laboratório AstraZeneca, que é fabricada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Mesmo aprovada, a vacina da Pfizer não está em uso no Brasil, pois o governo federal não chegou a uma acordo de compra com a empresa farmacêutica. Além de Israel, o imunizante tem sido usado em larga escala na União Europeia.
Nesta quarta, o Senado aprovou um projeto de lei que autoriza os estados, os municípios e o setor privado a adquirirem vacinas contra a covid-19. Governadores já manifestaram interesse pela vacina da Pfizer-Biontech, entre outros imunizantes.