Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Rosa Magalhães, ícone do carnaval carioca morre aos 77 anos

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Sexta, 26 de Julho de 2024 às 10:37, por: CdB

Rosa Magalhães era formada em cenografia, indumentária e pintura, e foi professora da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Por Redação, com CartaCapital e ABr– do Rio de Janeiro

Faleceu, na noite de quinta-feira a carnavalesca Rosa Magalhães. Aos 77 anos, a campeã de sete títulos do carnaval carioca não resistiu a um infarto.

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A carnavalesca Rosa Magalhães

A morte foi confirmada pela Império Serrano. Além da escola, Magalhães também conquistou títulos com a Imperatriz Leopoldinense e Vila Isabel.

Ela começou a carreira ainda nos anos 70, trabalhando como assistente no Salgueiro. Seu primeiro título veio em 1982, já com a Império Serrano.

A maior sequência de títulos aconteceu entre 1994 e 2001, quando ganhou cinco troféus com a Imperatriz Leopoldinense.

Rosa Magalhães era formada em cenografia, indumentária e pintura, e foi professora da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Sua trajetória a levou a ser responsável pela cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.

Amplamente reconhecida no meio como um dos grandes nomes do carnaval carioca, Rosa Magalhães, segundo a Imperatriz Leopoldinense, “promoveu desfiles inesquecíveis aos olhos do público e de toda a crítica, e sempre restará marcada por sua elegância, pela entrega magistral em seus trabalhos, e principalmente por sua brasilidade nas histórias que contou ao longo de todo esse tempo”.

Escolas de samba se despedem da carnavalesca Rosa Magalhães

Escolas de samba e personalidades prestam homenagens para a carnavalesca Rosa Magalhães, dona de sete títulos do carnaval carioca.

“Com tristeza, a Império Serrano recebeu a notícia do falecimento da carnavalesca Rosa Magalhães, aos 77 anos, nesta noite”, informou a escola. 

“Fica aqui a nossa gratidão por tudo que você, Rosa, fez pelo carnaval, pela contribuição à nossa história e à arte”, completa a agremiação. 

O velório foi aberto ao público no Palácio da Cidade, sede da prefeitura do Rio, em Botafogo, das 12h às 16h30. O sepultamento foi restrito a familiares e amigos, no cemitério São João Batista, também em Botafogo.

Rosa tinha mais de 50 anos dedicado à arte. A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), ao lamentar a morte, afirmou que Rosa Magalhães “fez história” no carnaval.

O título de 1982 com o Império Serrano fez o enredo “Bum Bum Paticumbum Prugurundum” figurar entre um dos mais famosos do carnaval carioca.

Na Imperatriz Leopoldinense, a amante do carnaval conseguiu fazer a escola atingir a supremacia por anos seguidos. Conquistou o bicampeonato de 1994 e 1995 e o tricampeonato de 1999, 2000 e 2001.

“Falar de Rosa Magalhães é falar da história da Imperatriz, tendo em vista que, de sete títulos conquistados pela professora, cinco foram em nossa agremiação”, publicou no X (antigo Twitter), a Imperatriz Leopoldinense.

“Neste momento, faltam palavras para definir a grandeza de Rosa e de toda a sua trajetória não só no carnaval, mas em toda a sua carreira, ao longo dos mais de 50 anos de trabalhos dedicados à arte. Rosa promoveu desfiles inesquecíveis aos olhos do público e de toda a crítica, e sempre estará marcada por sua elegância, pela entrega magistral em seus trabalhos, e, principalmente, por sua brasilidade nas histórias que contou ao longo de todo esse tempo”, completou a Imperatriz Leopoldinense.

O último campeonato da carnavalesca foi em 2013, comandando o carnaval da Unidos de Vila Isabel. “Viva Rosa Magalhães”, postou nas redes sociais a Vila Isabel após a notícia da morte.

Era Sambódromo

Rosa é a maior carnavalesca da Era Sambódromo, que começou com a inauguração da Passarela do Samba, em 1984. A última participação dela foi em 2023, na escola Paraíso do Tuiuti.

Uma das curiosidades é que ela gostava de fazer e participar dos desfiles para, em algumas vezes, se misturar com os componentes, sem necessariamente se fazer perceber. Era uma forma de sentir a evolução da escola e a reação do público.

Além de levar a magia de fantasias e adereços para a Marquês de Sapucaí, Rosa Magalhães ditou o espetáculo de cores e movimentos na cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos de 2007 e na festa de encerramento das Olimpíadas de 2016, ambas no Rio de Janeiro. A celebração de 2007 rendeu à carnavalesca o prêmio Emmy de melhor figurino.

Uma mente brilhante

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, classificou Rosa como “uma das mentes mais brilhantes da nossa maior manifestação cultural [o carnaval].” Ele acrescentou que a história da carnavalesca se confunde com a do próprio carnaval. “De um jeito único, ela encantou a todos nós com sua capacidade de materializar sonhos na avenida, de contar histórias de um jeito único e emocionar quem assistia”, escreveu o prefeito.

O jornalista e escritor Fábio Fabato, especialista em carnaval, chamou a artista de “maior fazedora de festas populares” e a equiparou a artistas como Tarsila do Amaral e Cândido Portinari. 

– Através da arte de Rosa Magalhães, através de suas criações, nós nos descobrimos mais brasileiros, já que ela foi uma investigadora profunda de causos e curiosidades na nossa cultura que, muitas vezes, os livros didáticos não contam – declarou.

Ele disse que ela se mantinha ativa intelectualmente, escrevia um livro sobre os últimos carnavais e estava envolvida com uma peça de teatro infantil.

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