Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2024

Presidente repete discurso duvidoso do ministro da Economia

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Sexta, 16 de Outubro de 2020 às 16:13, por: CdB

O mandatário neofascista afirmou, nesta tarde, que a economia brasileira está “voltando em V”, fator que nenhuma das agências internacionais de risco assegura. Diz ele que o Brasil é um dos países que melhor reagiu à pandemia do novo coronavírus na parte econômica, embora o número de mortos pela covid-19 não pare de subir e já tenha passado a marca das 152 mil vítimas fatais.

Por Redação - de São Paulo
Da mesma forma que não respondeu, até agora, à pergunta que não quer calar sobre o motivo do depósito de R$ 89 mil na conta da primeira-dama, Michelle, por Fabrício Queiroz, ex-assessor — hoje preso por suspeita de ligações com a milícia armada que age no Rio de Janeiro —; ou explicar como não existe corrupção no país em que o vice-líder do governo foi flagrado, na véspera, com cerca de R$ 30 mil em dinheiro vivo, na cueca, o presidente Jair Bolsonaro repetiu, nesta sexta-feira, o discurso duvidoso do ministro da Economia, Paulo Guedes.
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Paulo Guedes e Jair Bolsonaro tentam acertar os ponteiros e unificar os discursos quanto à economia brasileira
O mandatário afirmou que a economia brasileira está “voltando em V”, fator que nenhuma das agências internacionais de risco assegura. Diz ele que o Brasil é um dos países que melhor reagiu à pandemia do novo coronavírus na parte econômica, embora o número de mortos pela covid-19 não pare de subir e já tenha ultrapassado a marca das 152 mil vítimas fatais. — O Brasil, na parte econômica, é um daqueles que melhor tem dado resposta a essa pandemia. A nossa economia tem reagido muito bem. Cada vez mais eu acredito na palavra e no trabalho do Paulo Guedes e sua equipe, de modo que estamos saindo sim em V dessa crise — disse o presidente em cerimônia de inauguração de uma planta de biogás em São Paulo. Ao discursar para os empresários presentes, Bolsonaro afirmou que sua participação no evento seria uma forma de convencer cada vez mais empresas a investirem no Brasil. Ele também repetiu que seu governo não atrapalhará novos negócios.

Arrecadação

Ao lado do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles — acusado por ambientalistas de desmontar a estrutura de fiscalização ambiental no país — Bolsonaro afirmou que “o Ministério do Meio Ambiente não atrapalha a vida do empresário” e que seu governo “não cria dificuldades para vender facilidades”. Passado o pico do isolamento social, exigido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a arrecadação do mês de setembro voltou a subir e a análise é que boa parte dos contribuintes voltou a pagar impostos, após terem sido beneficiados pelo diferimento dos prazos. A medida foi concebida no início da pandemia de coronavírus para dar alívio de caixa a empresas, segundo três fontes da equipe econômica ouvidas pela agência inglesa de notícias Reuters. A consolidação dos dados deverá ser finalizada internamente pela Receita Federal no dia 20, pontuou uma das fontes, acrescentando que havia expectativa quanto à capacidade de realização desses pagamentos, que são vistos como um termômetro da recuperação econômica. Em condição de anonimato, a mesma fonte afirmou que não haverá inadimplência cavalar como temido em função da crise. — São todas sinalizações importantes para lançar as bases da ação política para o ano que vem — prosseguiu.

Renda Cidadã

A fonte destacou, ainda, que se a retomada econômica se firmar nessa direção, como parece ser o caso, é provável que o Renda Cidadã, novo programa de transferência de renda do governo Jair Bolsonaro, acabe precisando incluir menos beneficiários. O presidente já havia indicado ao time do ministro da Economia, Paulo Guedes, a intenção de incluir de 6 milhões a 8 milhões de pessoas no universo de brasileiros hoje atendidos pelo Bolsa Família. Já no projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2021, o governo elevou o orçamento para o Bolsa Família em 5,4 bilhões de reais, a R$ 34,9 bilhões, pelo aumento no número de contemplados: 15,2 milhões de famílias devem ser elegíveis ao recebimento do benefício no próximo ano, contra 13,2 milhões em 2020. Ciente do prestígio político colhido com a concessão do auxílio emergencial, que termina em dezembro, Bolsonaro quer não apenas que novo programa distribua um benefício médio mais alto — ante cerca de R$ 190 do Bolsa Família hoje —, como também que abarque mais gente, já que muitos seguirão em dificuldades pelos impactos econômicos do surto de covid-19.

Receita

O governo ainda não fechou de que forma resolverá o financiamento do programa sem desrespeitar a regra do teto de gastos, mas a mesma fonte pontuou que esta provavelmente será uma das únicas iniciativas da agenda de prioridades da Economia que deverá ser de fato apreciada e aprovada pelos parlamentares após o fim das eleições municipais em novembro e a eleição no início de fevereiro para presidência da Câmara dos Deputados e do Senado. Uma das outras fontes ouvidas pela agência disse, quanto à análise dos dados da arrecadação, que a leitura vigente sobre a retomada da economia ajuda não só no cálculo do número de beneficiários do novo programa como também no “tamanho do benefício adequado”. Em agosto, a arrecadação já havia voltado a crescer após seis meses no vermelho, beneficiada pelo recolhimento de tributos que até então vinham sido diferidos. Como reflexo desse movimento, a receita previdenciária, por exemplo, subiu 13,74% no mês sobre um ano antes, a R$ 40 bilhões.
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