A Espanha se recuperou de uma recessão econômica profunda em 2013, mas vem sendo assolada desde então pela volatilidade política, resultante das grandes divisões provocadas por uma iniciativa separatista na Catalunha e pelo surgimento de novos partidos populistas.
Por Redação, com Reuters - de Madri/Milão
O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, convocou uma eleição antecipada para 28 de abril nesta sexta-feira depois que o Parlamento rejeitou sua proposta de orçamento em uma votação, criando alguns meses de incerteza em um país cujo cenário político está cada vez mais fragmentado. A Espanha se recuperou de uma recessão econômica profunda em 2013, mas vem sendo assolada desde então pela volatilidade política, resultante das grandes divisões provocadas por uma iniciativa separatista na Catalunha e pelo surgimento de novos partidos populistas. Sánchez, que tomou posse em junho no comando de um governo de minoria com menos de um quarto dos assentos parlamentares, convocou a eleição depois que seus antigos aliados nacionalistas catalães se recusaram a endossar seu orçamento. – Não se pode governar sem um orçamento – disse Sánchez em um pronunciamento televisionado com as marcas de um discurso de campanha, delineando as conquistas de sua gestão e dizendo que busca uma maioria mais ampla para adotar uma agenda de reformas sociais. – Entre não fazer nada e continuar sem o orçamento e convocar os espanhóis a se manifestarem, escolho o segundo. A Espanha precisa continuar avançando, progredindo com tolerância. O Partido Socialista de Sánchez lidera as pesquisas de opinião, que também mostram que nenhuma sigla deve obter votos suficientes para governar sozinha. Uma gama de coalizões possíveis sugere negociações prolongadas entre três partidos ou mais, podendo incluir a legenda de extrema-direita Vox —algo inédito na Espanha pós-Franco— e ecoando um debate polarizador e de grande repercussão sobre o separatismo catalão. O anti-imigração Vox, um de vários partidos emergentes que romperam o establishment de dois partidos que se alternaram no poder desde a redemocratização do país, na esteira da morte de Francisco Franco em 1975, teve sua primeira vitória eleitoral em dezembro. Doze de seus parlamentares foram eleitos para o Parlamento estadual da Andaluzia, onde apoiam o atual governo, e a sigla parece a caminho de ingressar no Parlamento nacional em abril e possivelmente no governo. Agora que líderes separatistas catalães estão sendo julgados em Madri devido a uma tentativa de independência fracassada em 2017 que revoltou muitos eleitores no resto do país, o relacionamento instável da região com o governo central também terá destaque na pauta eleitoral.