A Organização Internacional para as Migrações (OIM) acusou os países europeus de negarem socorro a um bote inflável que naufragou no Mar Mediterrâneo com mais de 100 pessoas a bordo.
Por Redação, com ANSA - de Roma
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) acusou os países europeus de negarem socorro a um bote inflável que naufragou no Mar Mediterrâneo com mais de 100 pessoas a bordo.
"Os Estados permaneceram inertes e se recusaram a agir para salvar as vidas de mais de 100 pessoas. Elas imploraram e lançaram chamadas de emergência por dois dias antes de afundar no cemitério azul do Mediterrâneo. Esse é o legado da Europa?", disse no Twitter Safa Msehli, porta-voz da OIM, organização ligada às Nações Unidas (ONU).
Os primeiros alertas a respeito do bote foram lançados na manhã da quarta-feira pelo Alarm Phone, sistema que oferece uma linha direta para migrantes e refugiados em perigo no Mediterrâneo. O serviço diz que a Frontex, agência da União Europeia para controle de fronteiras, sabia da emergência, mas deixou os migrantes se afogarem.
O navio Ocean Viking, da ONG SOS Méditerranée, só alcançou a embarcação na quinta-feira, mas os socorristas encontraram o bote de cabeça para baixo e rodeado por uma dezena de corpos.
Como o mar estava muito agitado, a equipe do Ocean Viking não conseguiu se aproximar para remover os cadáveres das vítimas.
"Nós tentamos chegar através de uma tempestade e de uma noite com ondas de até seis metros. Lá fora, em algum lugar nessas mesmas ondas, estava um bote transportando 120 pessoas. Ou 100, ou 130. Nunca vamos saber porque elas estão todas mortas", diz um voluntário do navio em um relato publicado nesta sexta pela SOS Méditerranée.
A ONG Sea Watch, que também opera no Mediterrâneo, acusou a União Europeia de negar socorro aos imigrantes. "O Ocean Viking chegou no local apenas para encontrar 10 cadáveres", afirmou a entidade humanitária.
Itália
O bote inflável havia partido da Líbia, país cuja Guarda Costeira é treinada e financiada pela Itália.
Em uma visita recente a Trípoli, o premiê italiano, Mario Draghi, chegou a "expressar satisfação" pela gestão da crise migratória por parte da nação africana, embora ONGs acusem as autoridades líbias de prenderem migrantes e refugiados resgatados no Mediterrâneo em campos de concentração.
"Mais uma terrível tragédia no Mediterrâneo com mais de 100 pessoas afogadas, algo que podia muito bem ter sido evitado. É uma enésima vergonha para a Europa, mas também para nosso país.
Caro Draghi, você ainda acha que é preciso agradecer à Guarda Costeira líbia?", ironizou o deputado Nicola Fratoianni, líder do partido Esquerda Italiana.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), pelo menos 8.670 pessoas atravessaram a rota do Mediterrâneo Central em 2021, quase o dobro do número registrado no mesmo período do ano passado (4.666).
No entanto, 357 migrantes morreram ou desapareceram tentando concluir a travessia, crescimento de 140% em relação a 2020, sendo que o pico das viagens costuma acontecer em julho e agosto, no verão do Hemisfério Norte, quando as condições do mar são melhores. .