Após pedido do Comitê de Saúde, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) decidiu recuar da decisão de desobrigar o uso de máscara em locais aberto a partir de 11 de dezembro. Uma decisão assertiva, de acordo com Vecina.
Por Redação, com RBA - de São Paulo
Para o médico sanitarista Gonzalo Vecina, a manutenção do uso obrigatório de máscara em locais abertos e fechados é a medida mais correta neste momento em que há poucas informações sobre a variante ômicron. Ex-presidente da Anvisa e professor da USP, Vecina avalia que na falta de resposta sobre a gravidade e a letalidade da nova cepa, é preciso “o uso de máscaras e manter não um terror, mas sim um temor a essa entrada de um novo jogador em campo que é a variante ômicron”, destaca.
Na quinta-feira, após pedido do Comitê de Saúde, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) decidiu recuar da decisão de desobrigar o uso de máscara em locais aberto a partir de 11 de dezembro. Uma decisão assertiva, de acordo com Vecina. O grupo de médicos considerou que as incertezas quanto ao impacto da variante Ômicron, às vésperas das festas de fim de ano, tornam arriscado avançar na retirada da proteção. Com isso, o uso de máscara permanece obrigatório em todos os ambientes, seja externos ou internos. Assim como no transporte público, inclusive dentro das estações de metrô e trem e nos terminais de ônibus.
A prefeitura de São Paulo também informou que manterá o uso de máscara obrigatório, mesmo em ambientes abertos. O município ainda cancelou a festa de réveillon na Avenida Paulista. Além disso, governo estadual e prefeitura decidiram reduzir o intervalo de aplicação da dose de reforço, de cinco para quatro meses. O período deve ser considerado a partir do dia em que a pessoa recebeu a segunda dose da vacina contra o novo coronavírus.
Adoção do passaporte da vacina
O infectologista Gerson Salvador, do Hospital Universitário da USP, destaca que em muitos países é evidente a relação entre relaxamento de medidas de proteção e aumento de casos, cuja gravidade e mortalidade têm sido evitadas pelas vacinas. Ele defende, além da continuidade do uso de máscaras, a exigência do passaporte da vacina como forma de ampliar o controle da pandemia. “Não tem que tirar a obrigatoriedade de máscara independente da variante ômicron e também não se deve fazer aglomerações, sobretudo em locais fechados. Além disso, seria oportuno ter passaporte imunológico para todos os eventos e situações que envolvem encontros presenciais”, afirma.
Até esta quinta, o Brasil já tinha confirmado cinco casos da nova cepa e oito suspeitos em todo o território nacional. Entre os que testaram positivo, três são em São Paulo e dois no Distrito Federal. No estado paulista, dois são de um casal de missionários que desembarcaram da África do Sul. E outro de um viajante vindo da Etiópia.
O que se sabe sobre a Ômicron
A Ômicron foi detectada pela primeira vez na África do Sul e declarada como uma variante de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa classificação é dada a variantes que podem ter uma ou mais das seguintes alterações: aumento da transmissão, aumento da gravidade dos casos ou escape da vacina. A coordenadora da Rede Análise Covid-19, Mellanie Fontes-Dutra reuniu informações em suas redes sociais que apontam indícios importantes sobre a variante.
Segundo ela, embora ainda não se saiba se a Ômicron apresenta algum escape parcial às vacinas, não significa que haverá perda de proteção entre os vacinados. As medidas já conhecidas como uso de máscaras do tipo PFF2 e N95, bem como o distanciamento social e evitar aglomerações seguem sendo eficazes contra qualquer variante do coronavírus.
Os, relatos de hospitais, que têm atendido os pacientes infectados pela ômicron, indicam ainda uma maioria de casos leves e poucas mortes. Ou seja, embora a variante seja preocupante, não é o caso de voltarmos à estaca zero da pandemia. Ou ter uma situação como a do início de 2020 ou de março deste ano. Porém, já existem evidências de que a Ômicron tem uma maior capacidade de reinfecção. Ou seja, de contaminar pessoas que já tiveram covid-19 e se recuperaram, mas que não tomaram vacina. O que torna ainda mais relevante a necessidade de todas as pessoas tomarem as duas doses da vacina e a dose de reforço, quando for o caso. Inclusive porque novas variantes surgem principalmente em regiões com baixa cobertura vacinal e altas taxas de contaminação.