Salvini apresentou uma nova lei elevando para até 1 milhão de euros as multas para navios que entram em águas italianas sem autorização.
Por Redação, com Reuters - de Roma
O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, disse nesta terça-feira que está trabalhando para impedir que dois navios de resgate operados por instituições de caridades da França e da Espanha levem mais de 500 imigrantes ao seu país, o impasse mais recente no Mar Mediterrâneo.
O Ocean Viking, que é operado pelas ONGs francesas Médicos Sem Fronteiras e SOS Méditerranée, recolheu cerca de 356 imigrantes no litoral da Líbia desde sexta-feira, e o navio espanhol Open Arms salvou cerca de 160 pessoas.
As duas embarcações estão no centro do Mediterrâneo, uma navegação curta até a ilha italiana de Lampedusa, e buscam um porto seguro para desembarcar os imigrantes majoritariamente africanos.
Mas Salvini, líder do partido de extrema-direita Liga que viu sua popularidade disparar desde que tomou posse no ano passado e iniciou uma repressão dura à imigração, disse nesta terça-feira que os barcos não são problema de Roma.
ONGs
– Estou trabalhando no ministério nesta manhã para evitar que mais de 500 imigrantes desembarquem de dois barcos de ONGs, um francês e um espanhol – escreveu Salvini no Facebook.
– Informarei vocês como isto termina. Não desistirei.
No início deste mês, Salvini apresentou uma nova lei elevando para até 1 milhão de euros as multas para navios que entram em águas italianas sem autorização. A lei também permite a prisão de capitães que ignorarem ordens de manter distância e instrui as autoridades navais a apreender seus barcos automaticamente.
Senado
O lance de Matteo Salvini, líder do partido de direita italiano Liga, por eleições enfrentava obstáculos na segunda-feira, já que líderes partidários do Parlamento não conseguiram decidir quando o Senado deveria debater sua moção de desconfiança do governo.
Profundamente divididos, os líderes determinaram que o Senado interrompa o recesso de verão na terça-feira para decidir por si mesmo quando realizar a votação, que parece destinada a desencadear a queda do primeiro-ministro, Giuseppe Conte.
Salvini, hoje ministro do Interior em uma coalizão de um ano com o anti-establishment Movimento 5-Estrelas, quer capitalizar sua popularidade crescente nas pesquisas de opinião e realizar uma nova eleição que pode coroá-lo como premiê.
Mas o 5-Estrelas e muitos parlamentares do Partido Democrático (PD) opositor de centro-esquerda estão furiosos com a manobra de Salvini e querem frear sua investida rumo às urnas, dizendo que isso minará projetos de lei essenciais e prejudicará as finanças frágeis da Itália.
– Vocês verão que os italianos farão a Liga pagar pela facada nas costas que deu na Itália – disse o líder do 5-Estrelas, Luigi Di Maio, no Facebook.
Di Maio dissipou os rumores de que pode se aliar ao ex-premiê Matteo Renzi, do PD, para formar uma coalizão alternativa —mas tanto o 5-Estrelas quanto o PD tentam ganhar tempo e disseram que Conte deveria falar ao Parlamento a respeito da crise no dia 20 de agosto, e não em 15 de agosto, como a Liga tem demandado.
O Senado estabeleceu o calendário para a inédita crise política de verão em uma sessão nesta terça-feira.