Rio de Janeiro, 30 de Outubro de 2024

Mais países buscam por ‘nômades digitais’, para fortalecer economia

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Segunda, 20 de Maio de 2024 às 18:41, por: CdB

Programas semelhantes também foram introduzidos no Brasil, bem como em Barbados, Cabo Verde, Costa Rica, Ilhas Maurício, Emirados Árabes Unidos, entre outros.

Por Redação, com FT – de Londres

O número de vistos de ‘nômades digitais’ tem crescido em países que visam atrair trabalhadores corporativos remotos, de acordo com especialistas, à medida que os governos buscam superar uns aos outros em uma guerra global por talentos. Mais nações introduziram uma forma de visto de ‘nômades digitais’ — que permite que uma pessoa viva em um país diferente e exerça funções remotamente— desde a pandemia, aumentou a demanda de funcionários que querem o chamado ‘anywhere office’ (escritório em qualquer lugar, na tradução livre para o inglês).

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A competição entre países para atrair talentos facilita os vistos para os nômades digitais

A noção de um ‘nômade digital’ tende a sugerir freelancers nômades que fazem mochilões ou trabalham em seus laptops diretamente da praia. Mas os autônomos representam uma fatia relativamente pequena da comunidade total. Embora seus números tenham crescido mais de 50% desde a pandemia, de acordo com dados da MBO Partners, eles não são o principal grupo que os governos estão tentando atrair, disseram especialistas em mobilidade global ao diário britânico Financial Times (FT).

— Ironicamente, o visto de ‘nômade’ não é feito para nômades. A maioria dos governos está vendo (vistos de nômades) como uma maneira de atrair trabalhadores remotos com a clara intenção de fazê-los ficar e se tornar residentes permanentes em seus países — explica Gonçalo Hall, CEO da NomadX, uma consultoria de trabalho remoto que aconselha governos sobre como lançar comunidades de ‘nômades digitais’.

 

Consumo

O número total de ‘nômades digitais’ dos EUA atingiu 17,3 milhões em 2023, de acordo com a MBO Partners, dos quais 6,6 milhões eram autônomos. A pesquisa rastreia apenas os norte-americanos, considerados o maior grupo de ‘nômades digitais’ por nacionalidade. A conclusão é que trabalhadores assalariados remotos não estão tirando empregos dos locais e sua atividade de consumo contribui para a economia anfitriã.

Os países estavam aderindo à “palavra da moda” de ‘nômades digitais’, mas, na verdade, os vistos “deveriam ser chamados de vistos de trabalhadores remotos”, disse Hall.

A Itália se tornou o país mais recente a introduzir um visto de ‘nômade digital’ no mês passado, juntando-se a vários países europeus, incluindo Portugal, Estônia, Grécia, Malta e Espanha, que estão tentando atrair uma força de trabalho remota global em crescimento.

 

Freelancers

Pallas Mudist na Enterprise Estônia, uma agência governamental, disse FT, nesta segunda-feira:

— O visto de nômade digital da Estônia é especificamente projetado para atrair não apenas empreendedores e freelancers, mas também trabalhadores remotos assalariados.

Os vistos estão abertos apenas para não europeus, com cerca de 600 emitidos desde o lançamento do esquema em agosto de 2020. Mas, no geral, o governo estima que 51 mil ‘nômades digitais’ visitaram a Estônia em 2023, incluindo europeus que não precisam de visto.

 

Força motriz

Programas semelhantes também foram introduzidos no Brasil, bem como em Barbados, Cabo Verde, Costa Rica, Ilhas Maurício, Emirados Árabes Unidos, entre outros. Embora não existam números oficiais sobre o número de países que introduziram os vistos, especialistas em impostos apontam para fontes compiladas por ‘nômades digitais’ como nomadgirl.co, que diz que agora existem 58 países oferecendo-os.

Daida Hadzic, especialista em impostos de mobilidade global na KPMG, disse que as populações envelhecidas eram uma das razões pelas quais os governos estavam buscando atrair funcionários corporativos remotos usando vistos de ‘nômades digitais’. Se esses funcionários se estabelecerem permanentemente no país, eles contribuirão com suas habilidades e trabalho a longo prazo também.

— A força motriz por trás dos vistos de ‘nômades digitais’ é que esses países estão em competição uns com os outros pela mão de obra — acrescentou, ao FT.

 

Empregos

Giorgia Maffini, especialista em impostos da PwC UK, disse que os países que oferecem vistos de ‘nômades digitais’ tendem a ser “um pouco menos competitivos” na atração de trabalhadores estrangeiros, citando Costa Rica, Croácia e Indonésia como exemplos.

Steve King, pesquisador da MBO Partners, consultoria de força de trabalho dos EUA, disse que os países com programas de visto de nômade digital muitas vezes preferiam funcionários assalariados.

— Muitos países veem ‘nômades digitais’ com empregos tradicionais como turistas turbinados que gastarão dinheiro localmente, mas não ocuparão empregos locais ou serão um fardo para os serviços sociais — concluiu Maffini.

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