Rio de Janeiro, 30 de Outubro de 2024

Maia atropela Bolsonaro e negocia vacina com os chineses

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Terça, 19 de Janeiro de 2021 às 11:32, por: CdB

O atraso na chegada dos Ingredientes Farmacêuticos Ativos (IFAs) ameaça a fabricação da Coronavac pelo Instituto Butantan e do imunizante de Oxford/Astrazeneca, que será produzido pela Fiocruz. Os 6 milhões de doses iniciais da Coronavac já seguiram para os Estados.

Por Redação - de Brasília

Presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) adiantou-se ao Itamaraty e marcou, em regime de urgência, uma audiência com o embaixador da China, Yang Wanming. Na pauta, o atraso no envio de insumos para a fabricação de vacinas no Brasil. Sem os ítens, a fabricação da vacina não é possível em território brasileiro.

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Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, até agora não tocou na questão das vacinas produzidas para o Brasil

O atraso na chegada dos Ingredientes Farmacêuticos Ativos (IFAs) ameaça a fabricação da Coronavac pelo Instituto Butantan e do imunizante de Oxford/AstraZeneca, que será produzido pela Fiocruz. Os 6 milhões de doses iniciais da CoronaVac já seguiram para os Estados, onde serão aplicadas e devem terminar em apenas alguns dias.

Na China, os IFAs estariam envasados e prontos para o embarque ao Brasil, mas o despacho ainda depende de aprovação do governo chinês. A aproximação com a diplomacia chinesa, uma iniciativa do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), ocorre após  o governo de Jair Bolsonaro explodir as pontes com a embaixada, proibindo seus ministros de receber Wanming para qualquer tipo de conversa.

Chanceler

A completa inépcia do chanceler Ernesto Araújo em conduzir as negociações exteriores do país tem sido alvo de críticas de seus colegas. No alto escalão do governo Jair Bolsonaro, segundo levantamento do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP), a relação conturbada do país com a China é o principal fator do atraso na importação dos insumos básicos para a produção das vacinas contra a covid-19.

Integrantes do governo disseram à FSP que a ordem agora é para uma reaproximação com o governo chinês. Araújo teria sido alertado para a necessidade de restabelecer os laços de amizade com a China e ele tem tentado manter contato diário com o seu correspondente chinês, sem sucesso.

Submisso ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Bolsonaro atacou a China em várias ocasiões. Um dos ataques aconteceu em outubro, quando ele disse que o governo não compraria vacina da país asiático. "Alerto que não compraremos vacina da China", disse.

Bangladesh

As dificuldades de Araújo, no entanto, não estão restritas à China. A Índia, maior produtor mundial de vacinas, deverá iniciar a exportação dos imunizantes contra a covid-19 até a próxima quarta-feira, mas o Brasil, que tenta comprar 2 milhões de doses do medicamento produzido pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, produzidas pelo instituto Serum, não conta da lista, segundo informação publicada nesta tarde pela agência inglesa de notícias Reuters.

O primeiro lote a ser exportado pela Índia terá o vizinho Butão como destino. Outros dois milhões doses da vacina serão enviados para Bangladesh na quinta-feira. "Bangladesh receberá 2 milhões de doses da vacina contra covid-19 Oxford-AstraZeneca da Índia como uma doação em 21 de janeiro", disseram autoridades do governo de Bangladesh por meio de um comunicado.

A Índia iniciou a vacinação de sua população no último sábado. Também na semana passada, o governo Jair Bolsonaro anunciou que um avião estaria decolando rumo à Índia para trazer as duas milhões de doses do imunizante produzido pelo instituto Serum. O voo, porém, foi cancelado, sem nova data divulgada, após autoridades indianas disserem que as exportações somente seriam liberadas após o início de sua campanha de vacinação.

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