Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2024

Mães que vivem na periferia têm cotidiano cada vez mais difícil

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Domingo, 08 de Maio de 2022 às 10:04, por: CdB

Essas mulheres estão nas estatísticas que demonstram um recorde histórico da desigualdade salarial de gênero no Brasil. No terceiro trimestre de 2021, nas metrópoles brasileiras, as famílias chefiadas por homens tinham média de renda 60% superior à média das famílias chefiadas por mulheres. 

Por Redação, com BdF - de São Paulo
Elas estão nas periferias, ocupações, favelas, no mercado informal e nos empregos com os piores salários. E têm que se desdobrar para comandar o lar e dar aos filhos alimentação, educação e carinho. No Dia das Mães, o site de notícias Brasil de Fato (BdF) ouviu as chefes de família que dão duro para colocar comida no prato da família e sentem na pele os efeitos mais perversos da crise econômica.
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Gerações de mães, oprimidas pela pobreza, buscam formas de sobreviver na periferia das grandes cidades brasileiras
Essas mulheres estão nas estatísticas que demonstram um recorde histórico da desigualdade salarial de gênero no Brasil. No terceiro trimestre de 2021, nas metrópoles brasileiras, as famílias chefiadas por homens tinham média de renda 60% superior à média das famílias chefiadas por mulheres. Os dados são do Boletim Desigualdade nas Metrópoles, produzido pelo Observatório das Metrópoles, em parceria com a Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul (PUCRS) e a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL). — Mesmo as mulheres que conseguem emprego recebem menos do que os homens, apesar de terem níveis de formação maiores. O salário médio das mulheres corresponde a 70% do salário dos homens — constatou a economista Paula Guedes, integrante do grupo responsável pela pesquisa.

Oportunidade

Ednete Pereira, de 42 anos, tem muito orgulho da filha única, uma adolescente “muito boa e educada”, nas palavras da mãe. — Quando me vi só eu com ela, foi muito, muito difícil. Aprendi a criar ela sozinha e passei por muitas necessidades — relembra. Questões familiares a levaram de Aroazes, interior do Piauí, para São Paulo (SP). Na cidade natal, Ednete era professora da rede municipal. Mesmo com qualificação profissional, ela sofreu para conseguir emprego na capital paulista, onde foi morar com a mãe três meses antes da pandemia de coronavírus. — Não são todos, mas eu conheço homens que tiveram várias oportunidades de emprego. E eu passei praticamente um ano colocando currículo em todo lugar. Só faltava eu me humilhar para conseguir um trabalho. E foi uma luta pra conseguir — constata.

Desejo

Quando finalmente veio a oferta de emprego, o serviço era de meio período, como caixa de supermercado. — Eu não estava dando conta de sobreviver com R$ 720 por mês para pagar aluguel, luz e água. Estava quase desesperada — lembra A situação melhorou somente quando veio o segundo emprego, como cozinheira em uma escola. Com os rendimentos somados, a pressão financeira aliviou um pouco, mas a jornada de trabalho tripla, nos trabalhos e em casa, cobra seu preço. — Eu queria de coração que toda mãe, toda trabalhadora tivesse seu cantinho e pudesse se manter com seu trabalho dignamente sem precisar se matar de tanto trabalhar. Muitas vezes a gente não trabalha pra viver, a gente vive para trabalhar — deseja.
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