Presidente dos EUA age para assegurar que mulheres possam viajar para estados onde o procedimento é legal, numa tentativa de preservar parte dos direitos suspensos pela Suprema Corte.
Por Redação, com DW - de Washington
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinou na quarta-feira nova uma ordem executiva que visa proteger o acesso ao aborto. Desta vez, a medida visa garantir as viagens interestaduais para a realização do procedimento. A ordem executiva é a mais recente tentativa pelo governo Biden para permitir o acesso à prática, após Suprema Corte suspender, em junho, o direito constitucional ao aborto legal. A medida abre a possibilidade de os Estados que não optaram pela proibição do aborto em seus territórios receberem fundos do programa social de saúde norte-americano Medicaid. Essas verbas podem ser utilizadas para dar apoio às mulheres que desejem viajar para outras partes do país, de modo a facilitar o acesso ao aborto legal. Entidades de defesa do direito ao aborto afirmam que cada vez mais mulheres atravessam as fronteiras estaduais para conseguir realizar o procedimento. Biden disse considerar a situação como uma crise nacional de saúde e assegurou que "todos os setores do governo federal fazem sua parte neste momento crítico no qual a vida e a saúde de mulheres estão sob risco". A aplicação da medida, porém, poderá enfrentar obstáculos, já que as verbas do Medicaid não podem inicialmente serem utilizadas em casos de aborto, a não ser que a vida da paciente esteja em perigo ou em casos em que a gravidez seja resultante de estupro ou incesto. A ordem executiva também convoca as empresas de saúde a cumprirem as leis federais antidiscriminação, no que diz respeito à assistência médica. A decisão de Biden surge em um momento em que o Partido Republicano realiza esforços em vários estados para proibir ou restringir o acesso ao aborto. Ao reverter o direto constitucional, a Suprema Corte deixou para os governos estaduais a decisão sobre a legalidade da prática.