Greenwald tem publicado uma série de conversas vazadas nas quais o ex-juiz federal Sergio Moro, atual ministro da Justiça e Segurança Pública, supostamente intervém no andamento das investigações conduzidas pelo procurador da República Deltan Dallagnol, e membros diversos da força-tarefa da Operação Lava Jato, junto ao Ministério Público Federal.
Por Redação - de Brasília
O Conselho de Comunicação Social do Senado aprovou, nesta segunda-feira, o convite ao editor do The Intercept, Glenn Greenwald, que o aceitou, prontamente, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil. Na audiência, marcada para o dia 1º de Julho, o jornalista poderá falar sobre as publicações recentes da agência norte-americana de notícias Intercept Brasil.
Greenwald tem publicado uma série de conversas vazadas nas quais o ex-juiz federal Sergio Moro, atual ministro da Justiça e Segurança Pública, supostamente intervém no andamento das investigações conduzidas pelo procurador da República Deltan Dallagnol, e membros diversos da força-tarefa da Operação Lava Jato, junto ao Ministério Público Federal. O principal objetivo seria o de prejudicar a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Conselho
Nos diálogos (aos quais, o ministro em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, na semana passada, disse "não reconhecer autenticidade"), ficaria evidenciada a condução política da operação contra o PT e o ex-presidente Lula, segundo a agência de notícias chefiada por Greenwald. A iniciativa de chamá-lo partiu do representante da sociedade civil no Conselho, o advogado Miguel Matos.
— Não podemos fechar os olhos para o que vem ocorrendo neste país. É algo de uma gravidade extrema, e intimamente ligado também à nossa atuação neste conselho. O imbróglio em torno do que vem sendo divulgado pelo The Intercept é algo sem precedentes na história brasileira. E Greenwald tem dito que vem sofrendo inúmeros atentados ao livre exercício do jornalismo. É preciso então que ele venha aqui e esclareça o que vem acontecendo. A liberdade de imprensa é a garantidora do Estado democrático de direito, não podemos fechar os olhos para o que está se passando — afirmou Matos.
Debate
O jornalista Davi Emerich também foi favorável ao convite a Greenwald, mas advoga que o CCS não poderia ignorar, neste momento, a conjuntura política que divide o país. Por isso, solicitou que outros jornalistas também fossem chamados, visando que a audiência não se tornasse "manca" num debate público.
A partir daí, a presidente do Instituto Palavra Aberta, Patrícia Blanco, sugeriu a participação do jornalista Claudio Dantas, do site de ultradireita O Antagonista. E o presidente do CCS, o cientista político Murillo de Aragão, sugeriu ainda a participação na mesa dos jornalistas Daniel Bramatti (presidente da Abraji — Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e Maria José Braga (presidente da Fenaj — Federação Nacional dos Jornalistas e também conselheira do CCS), além do ex-ministro do STF, Carlos Ayres Brito. Todos os nomes foram acatados pelos demais membros do conselho.