Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2024

Equador transfere sede do governo em meio a protestos

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Terça, 08 de Outubro de 2019 às 07:19, por: CdB

Gabinete de Lenín Moreno deixa Quito e se instala em Guayaquil enquanto aumentam as tensões na capital. Presidente acusa seu antecessor, Rafael Correa, de tentar promover um golpe de Estado com ajuda da Venezuela.

Por Redação, com DW - de Quito

O presidente do Equador, Lenín Moreno, ordenou a evacuação do palácio presidencial e a transferência da sede do governo em Quito para Guayaquil, em razão do recrudescimento dos protestos e a chegada de milhares de manifestantes à capital. Ele ainda acusou o ex-presidente Rafael Correa de tentar um golpe de Estado no país.
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Indígenas e outros grupos de manifestantes protestam contra as políticas do governo de Lenín Moreno no Equador
Manifestantes voltaram às ruas após as Forças Armadas evacuarem o Palácio de Carondelet e transferirem o presidente para Guayaquil, na noite de segunda-feira. De lá, Moreno transmitiu um pronunciamento em rede nacional para pedir calma e tentar fazer aceno aos movimentos sociais, ao mesmo tempo em que acusou seu antecessor de promover a desestabilização do país. – Me transferi para Guayaquil e transferi a sede do governo a esta querida cidade, de acordo com as atribuições constitucionais que me competem – disse o presidente. "O que está acontecendo não é uma manifestação social de protesto por uma decisão do governo. Há uma manifestação política para romper a ordem democrática", afirmou, cercado de generais em uniformes de combate e acompanhado do vice-presidente, Otto Sonneholzner. Moreno culpou Correa, que presidiu o país entre 2007 e 2017, de estar por trás das tentativas de desestabilizar seu governo. Ele afirmou não ser coincidência que vários líderes do antigo governo de esquerda tenham viajado à Venezuela há poucos dias, segundo afirma, para conspirar juntamente com o presidente do país, Nicolás Maduro. – O sátrapa do Maduro ativou junto a Correa seu plano de desestabilização – acusou Moreno. "São os corruptos que sentiram os passos da Justiça os cercando para que eles respondam [por suas ações], são eles que estão por trás dessa tentativa de golpe de Estado e estão usando e instrumentalizando alguns setores indígenas, se aproveitando de sua mobilização", sublinhou.

Os apoiadores

O presidente acusou os apoiadores de Correa de "financiarem as agressões e os saques" com o dinheiro que teriam "roubado" durante o governo esquerdista. Ele alertou que "indivíduos pagos e organizados" participaram da mobilização dos indígenas com objetivo de promover saques e desestabilizar o país e fez um convite às comunidades indígenas para "um diálogo sincero", dizendo que esta "é uma porta que jamais se fechou". Na segunda semana de protestos no Equador, novos confrontos entre a polícia e manifestantes ocorreram na capital, onde também houve grande destruição de propriedades públicas. Os distúrbios começaram após o governo adotar uma série de medidas e cortes, incluindo o cancelamento dos subsídios estatais aos combustíveis. Os protestos tiveram a participação de grupos de esquerda, sindicalistas e jovens de diferentes afiliações políticas de oposição, que receberam o apoio de grupos de indígenas. Um dos distúrbios mais fortes ocorreu na praça de Santo Domingo, a algumas centenas de metros da sede do governo, de onde a polícia teve de se retirar em razão do avanço dos manifestantes.  
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