A rapidez com que o Brasil está envelhecendo suscita preocupações sobre como o país lidará com os custos sociais adicionais de cuidar de seus idosos. À medida que se aproxima de perder seu bônus demográfico - quando os trabalhadores ativos superam em número os aposentados - economistas e demógrafos rapidamente apontam que muitas pessoas não têm reservas.
Por Redação, com Bloomberg - do Rio de Janeiro
A população brasileira está envelhecendo a uma velocidade sem precedentes, o que pode minar o ímpeto da maior economia da América Latina, após uma década de crescimento fraco. A parcela de brasileiros com 65 anos ou mais subiu para 10,9% em 2022, em comparação com 7,4% em 2010, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na sexta-feira. A proporção de idosos é agora a maior desde 1940, os dados comparáveis mais antigos.
— Estamos envelhecendo muito rapidamente em comparação com as nações desenvolvidas. Levou 200 anos para a França e a Inglaterra fazerem o que o Brasil fez em 40 ou 60 anos —, disse Izabel Marri, demógrafa do IBGE, em entrevista a jornalistas nesta sexta-feira.
A rapidez com que o Brasil está envelhecendo suscita preocupações sobre como o país lidará com os custos sociais adicionais de cuidar de seus idosos. À medida que se aproxima de perder seu bônus demográfico - quando os trabalhadores ativos superam em número os aposentados - economistas e demógrafos rapidamente apontam que muitas pessoas não têm reservas e o governo carece de políticas para financiar suas aposentadorias e custos com a saúde.
— Eventualmente, o Estado terá que prover para aqueles que estão envelhecendo — disse Marri.
Expectativa
O Brasil iniciou um período de crescimento explosivo após o início do século. A China consumiu recursos naturais, como carne bovina e minério de ferro, e as receitas das exportações ajudaram a financiar programas de bem-estar que elevaram milhões de brasileiros à classe média. No entanto, o boom das commodities entrou em colapso na década de 2010 e a economia cresceu menos de 1% ao ano, em média, durante essa década.
Indicadores sociais, como educação e expectativa de vida, melhoraram, mas Marcelo Neri, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro, afirma que os ganhos não se traduziram em uma força de trabalho mais produtiva.
— Tivemos progresso social, mas não tivemos responsabilidade econômica — observou.
Comparação
Ao mesmo tempo, a taxa de crescimento da população brasileira, que conta com cerca de 203 milhões de pessoas, diminuiu rapidamente. Em 2022, caiu para 6,5%, o ritmo mais lento registrado, em comparação com 12,3% em 2010.
O Brasil dedica atualmente cerca de 13% do seu Produto Interno Bruto (PIB) à seguridade social, em comparação com os 10% gastos pelo Japão, a nação mais velha do mundo, segundo a FGV.