Se, fisicamente, partiu aos 80 anos, sua memória, pesquisas e estudos resistem ao tempo. Especialmente quando o tema é energia nuclear, raios cósmicos e a partícula atômica méson pi, descoberta ao lado dos dois outros físicos renomados: o italiano Giuseppe Occhialini e o britânico Cecil Frank Powell.
Por Fábio Pinheiro Lau – do Rio de Janeiro
Ele é um brasileiro enraizado pelo mundo. César Lattes, um dos grandes nomes da Ciência no Brasil, é e será lembrado em qualquer ambiente onde haja o estudo profundo da Física. E o que pouca gente sabe sobre este cientista é que ele inspirou um samba vitorioso da Estação Primeira de Mangueira, composto por duas das suas maiores estrelas da música: Mestre Cartola e Carlos Cachaça. Nascido em Curitiba num dia como aquele 11 de julho, quando estaria completando 100 anos, ele mereceu outra homenagem agora conferida pelos seus pares: o CNPq batizou o sistema utilizado para cadastrar cientistas, pesquisadores e estudantes como o nome de Plataforma Lattes.
Mas, se fisicamente partiu aos 80 anos, sua memória, pesquisas e estudos resistem ao tempo. Especialmente quando o tema é energia nuclear, raios cósmicos e a partícula atômica méson pi, descoberta ao lado dos dois outros físicos renomados: o italiano Giuseppe Occhialini e o britânico Cecil Frank Powell.
Nature
E por conta desta descoberta, Powell, e apenas ele, recebeu o Prêmio Nobel de Física de 1950. E por que a tão badalada honraria se restringiu a Cecil e não a todo o grupo – foi a pergunta que César Lattes mais ouviu até o fim da vida? Porque o brasileiro e o italiano eram chefiados por Cecil que, em função disso, mereceu a distinção.
César Lattes trabalhou na USP, UFRJ, na Universidade da Califórnia e foi bolsista na Fundação Rockfeller. Lá, após aprimorar conhecimento na Física, foi considerado entre seus pares como o maior cientista brasileiro.
Ainda sobre o samba vitorioso da Mangueira, vencedor no Carnaval Carioca de 1949, cabe um registro: dois anos antes, Lattes havia virado notícia ao desenvolver a partícula Pic du Midi. O feito foi publicado na revista Nature – uma das principais publicações científicas do mundo. Embora um tema restrito ao mundo científico, a conquista tornou-se orgulho nacional.