O gasto com eletricidade exerce menos pressão sobre a renda familiar daqueles que ganham acima de cinco salários mínimos. Dos entrevistados do segmento, apenas 16% dizem ter metade ou mais da metade de sua renda comprometida com a despesa. Já entre quem recebe até um salário mínimo esse índice chega a 53%.
Por Redação – de São Paulo
Pesquisa do Instituto Pólis, uma instituição sem fins lucrativos, divulgada nesta sexta-feira, revela que 36% dos brasileiros gastam metade ou mais da metade da renda mensal para pagar as contas de luz e de gás. O levantamento apurou que entre a população mais pobre, com renda familiar de até um salário mínimo, nas classes D e E, 30% deixam de comprar alimentos básicos como arroz, feijão, café e açúcar — ou reduzem o consumo desses itens— para manter a energia elétrica em seus domicílios.
Se considerado apenas esse grupo socialmente mais vulnerável, 6 a cada 10 famílias ainda afirmam que a conta de luz das suas casas está atrasada. No cenário geral, 35% afirmam que decidiram reduzir ou deixar de comprar alimentos básicos e bens de consumo, como roupas e eletroeletrônicos, para pagar a conta de luz. E 50% das famílias afirmam que, caso houvesse uma redução na tarifa, usariam a verba excedente para comer.
O gasto com eletricidade exerce menos pressão sobre a renda familiar daqueles que ganham acima de cinco salários mínimos. Dos entrevistados do segmento, apenas 16% dizem ter metade ou mais da metade de sua renda comprometida com a despesa. Já entre quem recebe até um salário mínimo esse índice chega a 53%.
Orçamento
O estudo constata, ainda, a existência de uma disparidade social nas tarifas de energia elétrica, com o peso da conta de luz sobre os lares brasileiros, ainda mais evidente no recorte em que pesa a cor da pele. Segundo a pesquisa, conduzida pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec) a pedido do Pólis, 68% das pessoas de cor preta ou quase pretas estão com as contas de luz atrasadas. A taxa de inadimplência cai para 31% entre brancos ou quase brancos.
A pesquisa aponta, ainda, que a população situada nas regiões Norte e Nordeste são as que mais têm sua renda familiar comprometida com gastos energéticos: 53% dos nortistas e 45% dos nordestinos dizem ter metade ou mais da metade do orçamento dedicado à despesa.
Confiança
“As tarifas de energia elétrica no Norte e no Nordeste do Brasil tendem a ser mais caras devido a uma série de fatores específicos da região. Em primeiro lugar, essas áreas têm uma menor densidade populacional e, portanto, uma demanda menor por energia, o que pode resultar em custos de distribuição e transmissão mais elevados”, afirma o estudo do Instituto Pólis.
“Além disso, a infraestrutura de transmissão de energia elétrica nessas regiões, muitas vezes, enfrenta desafios logísticos e geográficos significativos, como a vastidão territorial e as condições climáticas adversas, o que pode aumentar os custos de manutenção e operação”, acrescenta.
A pesquisa entrevistou 2 mil pessoas em todas as regiões do país. Seu intervalo de confiança é de 95%, e a margem de erro, de dois pontos percentuais para mais ou para menos.