Bolsonaro chama o ministro da Saúde de o “tal do Queiroga”, que será responsável por um "estudo" para a dispensa das máscaras, mas recua e diz que a liberação dependeria da vacinação em massa. Ainda segundo o chefe da Saúde, o presidente “não o pressionaria”.
Por Redação - de São Paulo
Na avaliação do professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Wagner Romão, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cometeu novo crime de responsabilidade ao repetir campanha contra o uso de máscaras. O cientista chamou de imprudente o discurso do mandatário que declarou, nesta quinta-feira, ter pedido ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, um parecer para desobrigar o uso do equipamento de proteção contra a covid-19 para aqueles que estiverem vacinados ou que já foram infectados pelo novo coronavírus.
O “tal do Queiroga”, como o chamou Bolsonaro durante um evento para o setor de turismo, confirmou o pedido do presidente. Mas explicou que a dispensa das máscaras dependeria da vacinação em massa. Ainda segundo o chefe da Saúde, o presidente “não o pressionaria”.
— Sou ministro dele e trabalhamos em absoluta sintonia. Assim funcionam as democracias do regime presidencialista — afirmou, repetindo o argumento que vem citando recorrentemente para blindar Bolsonaro. A proposta presidencial, no entanto, deixou os infectologistas estarrecidos e foi chamada de “estratégia suicida”.
Indiciado
Nesta manhã, no entanto, o mandatário neofascista afirmou à imprensa que a “palavra final” caberá a Queiroga, governadores e prefeitos. Romão analisa que a postura de Bolsonaro é uma “prática política” de “jogar sempre na confusão” para “estabelecer suas próprias narrativas”.
— Pela sua visão, ele sempre foi contra o uso da máscara. Quando a utiliza é sempre de má vontade, de maneira errada e fazendo piada sobre seu uso. Ele joga essa confusão na cabeça das pessoas. Porque quando ele fala ‘vou fazer um estudo para a gente não precisar usar a mascara’, a notícia que chega é que o presidente está já dizendo que está liberado. Que não precisa usar mais as máscaras. É de uma irresponsabilidade — critica o cientista político.
O vice presidente da CPI da Covid no Senado e líder da oposição, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que Bolsonaro é um “forte candidato a ser indiciado”.