Rio de Janeiro, 21 de Janeiro de 2025

Assessor de Tarcísio de Freitas que manda apagar vídeos é agente da Abin

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Quinta, 27 de Outubro de 2022 às 10:29, por: CdB

A agência é subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional, comandada pelo general da reserva Augusto Heleno, um dos mais radicais militares bolsonaristas. Paiva é o dono da voz que manda o cinegrafista da Jovem Pan, aliada de Bolsonaro, apagar imagens de um tiroteio semana passada, em Paraisópolis.

Por Redação - de São Paulo
O assessor do candidato Tarcísio de Freitas identificado como aquele que mandou apagar vídeo de tiroteio em Paraisópolis, é o agente licenciado da Abin Fabrício Cardoso de Paiva, nomeado no governo de Jair Bolsonaro (PL), conforme apurou a agência norte-americana de notícias The Intercept Brasil. Uma fonte que trabalha no governo, segundo o site, confirmou o nome do agente que se licenciou da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, para assessorar o bolsonarista que concorre ao segundo turno do governo paulista pelo Republicanos.
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Tarcísio de Freitas (PL) tem um agente da Abin em sua equipe de segurança
A agência é subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional, comandada pelo general da reserva Augusto Heleno, um dos mais radicais militares bolsonaristas. Paiva é o dono da voz que manda o cinegrafista da Jovem Pan, aliada de Bolsonaro, apagar imagens de um tiroteio semana passada, em Paraisópolis. O áudio foi divulgado em reportagem do diário conservador paulistano Folha de S.Paulo (FSP), na terça-feira.

Tiroteio

Segundo o jornal, o assessor de Tarcísio (agora sabe-se que é Fabrício de Paiva) perguntou ao cinegrafista: — Você filmou os policiais atirando?. — Não, trocando tiro efetivamente, não. Tenho tiro da PM para cima dos caras — respondeu o profissional. — Você tem que apagar — ordenou Paiva. Na ocasião, uma equipe de Tarcísio de Freitas esteve na favela de Paraisópolis, Zona Sul da capital paulista, onde ocorreu o tiroteio que deixou uma pessoa morta. Com isso, a atividade da campanha eleitoral do candidato foi interrompida.

Paraisópolis

As circunstâncias da troca de tiros e os autores dos disparos ainda não foram esclarecidas. As campanhas de Tarcísio e Bolsonaro após o ocorrido adotaram a narrativa de um atentado contra o candidato a governador, mas logo voltaram atrás. A Abin confirmou que um agente estava em licença não remunerada, acompanhando Tarcísio. Mas nega que “o policial citado nas reportagens (da FSP) sobre o caso de Paraisópolis, apontado como autor dos disparos, integre seu quadro de pessoal”. Segundo currículo apresentado pelo agente licenciado, sua formação militar foi na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). E atuou como oficial de artilharia do Exército de 1996 a 2009, ano em que se tornou servidor na Abin. Em junho de 2019, porém, foi nomeado gerente de projetos da Subsecretaria de Governança e Integridade do Ministério da Infraestrutura por Tarcísio. Em dezembro de 2021, recebeu a Medalha do Mérito Mauá, do governo federal, em “reconhecimento à contribuição ao desenvolvimento e progresso do setor de transportes”. A indicação foi do próprio Tarcísio.

Direitos Humanos

Segundo a agência popular de notícias ‘Ponte Jornalismo’, o grupo Tortura Nunca Mais São Paulo trabalha com a hipótese de que Felipe Silva de Lima, 27 anos, foi executado em Paraisópolis no dia 17, momento da visita de Tarcísio, quando houve o tiroteio. Na véspera, a instituição de defesa dos Direitos Humanos enviou ofício à ouvidoria da Polícia Civil, cobrando o andamento das investigações. Para o presidente do grupo, Ariel de Castro Alves, falta transparência por parte da polícia sobre o que de fato ocorreu no dia da visita do candidato Tarcísio ao local. — O que precisa se esclarecer é se foi planejado antes pela coordenação de campanha que foram na comunidade que qualquer suspeito que aparecesse, deveriam atirar contra, para apresentar uma versão de atentado contra o candidato, ou se foi uma execução cometida por policiais. O que temos até agora é um crime comum. O homicídio do rapaz, sem confronto e desarmado. E o crime político, da tentativa de criar uma farsa de um atentado inexistente — resumiu Alves.
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