As perdas no primeiro semestre foram seguidas pela geração de 140 mil postos em julho, 244 mil em agosto, 314 mil em setembro, 389 mil em outubro e 414 mil em novembro. No total do período, houve criação de 1,4 milhão de vagas.
Por Redação - de Brasília e São Paulo
Descontadas as demissões, o Brasil contratou em 2020 o total de 142.690 em empregos formais, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo Ministério da Economia. O saldo positivo, no entanto, não foi suficiente para alcançar uma recuperação mínima das vagas perdidas durante os 11 meses da pandemia. Durante esse período, houve o fechamento de 1,6 milhão de postos de março a junho, segundo números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
As perdas no primeiro semestre foram seguidas pela geração de 140 mil postos em julho, 244 mil em agosto, 314 mil em setembro, 389 mil em outubro e 414 mil em novembro. No total do período, houve criação de 1,4 milhão de vagas.
Em dezembro, porém, houve o corte de 67.907 postos de trabalho, interrompendo o crescimento observado no segundo semestre. O último mês do ano tradicionalmente registra fechamento de vagas abertas, e 2020 teve o dezembro com queda mais branda desde 1995.
Emergencial
Ao longo do ano, houve 15.166.221 admissões e 15.023.531 desligamentos. A queda do setor automotivo acabou ajudando a amargar a situação da indústria, que perdeu em 3 meses a produtividade conquistada em 2 anos, segundo dados de junho da CNI.
Diante dos dados, ainda que fracos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, comemorou os dados dizendo que o país conseguiu, mesmo com a retração na atividade causada pela pandemia, registrar saldo positivo em 2020. Ele ressaltou que as recessões de 2015 e 2016 geraram demissões de 1,5 milhão e 1,3 milhão de pessoas, respectivamente.
O ministro considerou fundamental para o resultado a criação do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda — que estabeleceu regras para empresas cortarem salários e jornadas ou suspenderem contratos de trabalho, com pagamento de um benefício emergencial do Tesouro Nacional ao trabalhador afetado.
— De um lado, o auxílio emergencial fez a maior transferência direta de renda. E, por outro lado, o programa de empregos preservou 11 milhões de empregos — disse Guedes, que parabenizou a própria equipe.
Demissões
Até dezembro, o programa envolveu 1,4 milhão de empregadores e chegou a 9,8 milhões de trabalhadores. O benefício emergencial pagou R$ 33,4 bilhões até o ano passado, sendo que ainda há um valor residual a ser pago em 2021.
Os técnicos do Ministério da Economia afirmam que ameniza o risco de demissões neste momento a garantia provisória de empregos, prevista no programa. A regra exige das empresas a preservação dos trabalhadores afetados pelo dobro do período em que adotaram a medida, sob pena de multa caso a norma não seja seguida.
A jornalistas, Bruno Dalcolmo, secretário de Trabalho, disse que 3,5 milhões de trabalhadores contam atualmente com garantia provisória em funcionamento. Em mais de 50% dos casos, afirmou, essas garantias se estendem até o meio do ano, o que diminuiria os riscos de aumento no desemprego com o fim do programa.
A geração de empregos no ano foi puxada pela construção (112,1 mil vagas), seguida por indústria (95,5 mil), agropecuária (61,6 mil) e, com menor força, comércio (8,1 mil). Já o setor de serviços, atingido de forma mais intensa pelo isolamento social, foi o único a registrar perda (de 132,5 mil postos). Nesse caso, pesaram nos números as demissões nos segmentos de alojamento e alimentação, além de transporte, armazenagem e correio.
O resultado de dezembro ainda não tem ajuste de declarações feitas pelas empresas fora do prazo e, por isso, alterações nos números devem ser observadas nas próximas divulgações.