Em seu primeiro dia de governo, Bolsonaro terá sua reunião inicial com as autoridades norte-americanas.
Por Redação - de Brasíllia
A cerimônia de posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro, cercada do maior esquema de segurança já visto, na Capital Federal, marca o início da política de alinhamento automático aos Estados Unidos. Bolsonaro cumpre, assim, uma promessa de campanha.
Em seu primeiro dia de governo, Bolsonaro terá sua reunião inicial com as autoridades norte-americanas, lideradas pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo. O encontro, confirmado pela Casa Branca, terá a presença do então chanceler, Ernesto Araújo.
O Departamento de Estado norte-americano informou que a intenção dos Estados Unidos é reafirmar "a forte parceria" com o Brasil "na promoção da prosperidade, segurança, educação e democracia”. Na realidade, trata-se da defesa dos interesses norte-americanos na região, cada vez mais disputada por China e Rússia.
"No dia 2 de janeiro, o secretário Pompeo viajará para Cartagena, Colômbia para encontrar com o presidente colombiano Iván Duque. Ele ressaltará o apoio americano a objetivos compartilhados, como os esforços de combate às drogas, a implementação de acordos de paz, o comércio e a resposta à crise regional resultante das desastrosas políticas do regime de Maduro na Venezuela", diz o comunicado do Departamento de Estado norte-americano.
Venezuela
As conversas entre a ultradireita brasileira e os norte-americanos tiveram início antes mesmo da campanha eleitoral. Mas os compromissos começaram a ser discutidos, de fato, quando da visita de John Bolton, secretário de Segurança dos EUA. A reunião ocorreu na casa do presidente eleito, em um café da manhã na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Bolton fez uma parada, antes de prosseguir a viagem para Buenos Aires, onde participou da Cúpula dos Líderes do G20.
Na agenda, servida à mesa sem toalhas, entre os farelos de pão, os principais assuntos foram uma possível invasão à Venezuela e a possível transferência da embaixada brasileira, em Israel, de TelAviv para Jerusalém.
O alinhamento do país à política de Washington também foi confirmada em entrevista do vice-presidente eleito, Hamilton Mourão, nesta sexta-feira. Embora o núcleo central do governo tenha tentado, por mais de uma vez, ofuscar a presença do general Mourão junto à mídia, o militar que segue, de perto, o desenvolvimento do novo regime, revelou uma série de metas em curso, já a partir da semana que vem.
Conservador
Mourão disse aos jornalistas de um dos diários conservadores das Organizações Globo que o governo iniciará um verdadeiro 'desmanche' do Estado nacional.
— Temos muito para fazer, na realidade, pra desfazer. Um desmanche (...) Eu já fiz essa comparação, eu gosto de cavalo, gosto de montar, já disse que Brasil é um cavalo olímpico capaz de saltar 1m80, mas tá todo amarrado, só salta 0,70 cm — comparou.
Quanto à economia, o ex-presidente do Clube Militar — uma das instituições mais conservadoras do país — afirmou que esta será "o carro-chefe para arrumar essa situação que o país está enfrentando”.
— Nós tivemos uma reunião preliminar na semana passada e foi dada a orientação que no dia 14 de janeiro, que vai ser a primeira reunião ministerial para valer, todos os ministros terão que apresentar o seu planejamento e as suas metas para os primeiros 100 dias, para serem aprovadas pelo presidente. Nessa reunião preliminar, alguns ministros que já dispunham de algum conhecimento anterior apresentaram alguma visão mais objetiva do que eles têm pela frente, outros ainda estão tomando pé da situação — adiantou.
Reforma difícil
Crítico do tamanho do Estado nacional, por exemplo, o militar da reserva afirma que a carga tributária do país “está aí na faixa de 35% a 37% do PIB”.
— O Estado leva 45% do PIB e não devolve. Se devolvesse, se tivéssemos hospitais de primeira qualidade, escolas maravilhosas, estradas fantásticas, estava todo mundo bem, mas não temos. É só para sustentar uma máquina pesada em termos de pessoal e pesada em termos de estrutura — acrescentou.
Mas a reforma pretendida, nos moldes norte-americanos, "é um troço difícil, por que qual é a margem de manobra que existe?”, questiona.
— São os cargos em comissão, que dentro do governo federal tem um número cabalístico ai que serão em torno de 23 mil, mas se somar em toda a estrutura da federação chegaria a 120 mil. Incluindo função gratificada, cargo em comissão, estatal, isso aí você tirando os concursados. De todos os entes somados, os três níveis. É um exército — concluiu.