Até por conta das revelações da mídia da Bélgica, o governo de Atenas informou que todos os bens da representante foram congelados até que as investigações sejam encerradas.
Por Redação, com ANSA - de Bruxelas
A vice-presidente do Parlamento Europeu, Eva Kaili, afastada de todas as suas funções no último dia 10, tinha cerca de 750 mil euros em dinheiro vivo guardado em sacolas dentro de sua casa e na mala que o pai carregava quando foi detido, informa a mídia belga nesta segunda-feira.
Conforme o jornal L'Echo, a contagem do dinheiro ainda não foi finalizada, mas as primeiras estimativas apontam que esse valor estava dividido em notas de 20 e 50 euros. Cerca de 600 mil estavam na mala do pai de Kaili e o restante na casa da então eurodeputada grega.
Até por conta das revelações da mídia da Bélgica, o governo de Atenas informou que todos os bens da representante foram congelados até que as investigações sejam encerradas.
A política foi presa na última sexta-feira durante uma grande operação da polícia de Bruxelas contra um suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro do Qatar, que teria dado propina para eurodeputados e assessores parlamentares para votar medidas a favor do país - acusado constantemente de violar direitos humanos.
Kaili foi presa, mesmo gozando de imunidade parlamentar, porque houve crime em flagrante com a presença de tanto dinheiro não justificado em sua residência. Também ainda estão detidos três italianos: o assessor do grupo Socialistas & Democratas e marido da grega, Francesco Giorgi, o ex-eurodeputado Antonio Panzeri e o diretor da ONG No Peace Without Justice, Niccolò Figa-Talamanca.
Os demais detidos na sexta passaram para regimes domiciliares ou foram libertados sob condições, incluindo o pai de Kaili. Também é investigado o eurodeputado belga Marc Tarabella, que foi alvo de uma ação de busca e apreensão em sua casa no sábado.
Nesta segunda, o político deu uma entrevista ao jornal Le Soir e afirmou que "nunca recebi presentes do Catar".
Segundo o parlamentar, ele acredita que seu nome foi envolvido por conta de um de seus assessores, identificado apenas pela sigla G.M., que também é italiano e "trabalhou por muitos anos" para Panzeri.
Reações
Pela primeira vez desde a revelação do caso, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, se manifestou sobre o escândalo.
– As acusações contra a vice-presidente do Parlamento Europeu são extremamente preocupantes, muito graves. É uma questão de confiança das pessoas nas nossas instituições, e essa confiança pede os mais altos padrões de independência e integridade. Já propus a criação de um organismo ético independente que cubra todas as instituições da UE – disse a chefe do Executivo.
O ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, também comentou o caso e disse que o Parlamento é "vítima" dos comportamentos dessas pessoas e que é preciso sempre separar as instituições da "responsabilidade penal, que é individual".
– Espero que as investigações foquem nas pessoas envolvidas, que já causaram bastante danos ao Parlamento Europeu, a única instituição democrática da União Europeia – ressaltou o chanceler devido ao fato dos políticos que atuam no órgão serem eleitos diretamente pelas populações.
A ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, falou sobre o escândalo e classificou a situação como "verdadeiramente inacreditável". "Deve ser esclarecido sem 'se' ou 'mas', com toda a severidade da lei porque atinge também e especialmente a credibilidade da Europa. Não víamos nada igual há muito tempo", pontuou.