A penitenciária de Tocoron tinha sido transformada no quartel-general do Tren de Aragua, grupo criminoso transnacional mais poderoso da Venezuela, envolvido com tráfico humano, prostituição e extorsão de imigrantes.
Por Redação, com Brasil de Fato - de Caracas
O governo da Venezuela informa que retomou o controle de uma prisão que há anos estava sob controle de uma gangue, numa operação que envolveu 11 mil membros das forças de segurança.
A penitenciária de Tocoron tinha sido transformada no quartel-general do Tren de Aragua, grupo criminoso transnacional mais poderoso da Venezuela, envolvido com tráfico humano, prostituição e extorsão de imigrantes, um empreendimento que atingia vários países latino-americanos.
Na prisão, os prisioneiros podiam circular livremente e desfrutar de instalações como piscina, clube de apostas em cavalos, um clube noturno chamado Tóquio e um pequeno zoológico contendo flamingos e um avestruz, juntamente a cônjuges e parentes que haviam se mudado para lá.
Imagens gravadas do lado de fora mostram veículos lotados saindo do local, enquanto pessoas acenam, choram e se despedem. “Eu estava vivendo aí, mas nos expulsaram”, disse Gladys Hernández à AFP, enquanto tentava descobrir para onde seu marido foi transferido.
Ronna Rísquez, autor do livro Tren de Aragua: a gangue que revolucionou o crime organizado na América Latina, contou à BBC Mundo que Tocorón funcionava como uma pequena cidade. E disse que a intervenção do governo no presídio não representa necessariamente o fim da gangue. “O centro de operações foi fechado, mas os líderes da organização e suas células no exterior continuam operando”.
O governo venezuelano informou que vai esvaziar o local e que houve uma única fatalidade durante a operação, de um major que morreu após bater a cabeça na porta de um veículo blindado.
Forças de segurança
Num primeiro comunicado oficial, o governo de Nicolás Maduro parabenizou as forças de segurança por reestabelecerem a ordem e ordenou ações “limpas e rápidas”. Posteriormente, o governo anunciou que a segunda fase da operação estava em curso, com a meta de “capturar todos os criminosos fugidos”.
O governo não informou os nomes do que escaparam, portanto não se sabe se entre eles está o líder da gangue, Héctor Guerrero Flores, condenado a 17 anos de prisão por assassinato e tráfico de drogas.