Ele pode até tentar, e acredito que o fará, mas não existe condições políticas internas e principalmente internacionais para um golpe de Estado no Brasil dar certo, especialmente quando seu único motivo é porque o presidente não consegue ultrapassar o adversário nas pesquisas. Se o conseguisse, não haveria “suspeitas” sobre urnas eletrônicas.
Por Redação - do Rio de Janeiro
Num evidente ato de traição nacional, Bolsonaro, na condição de presidente da República, convoca embaixadores (menos os da China e Argentina) para desmoralizar a principal instituição democrática do Brasil, o sistema de voto em urna eletrônica, que funciona normalmente desde 1996 e inclusive na sua eleição para presidente.
Estão dizendo, com razão, que o golpe bolsonarista começou nessa vergonhosa reunião com os embaixadores, que não aplaudiram o seu discurso mentiroso e golpista. Mas para sermos precisos, Bolsonaro tenta dar o golpe na democracia desde o seu primeiro ano de governo.
Na véspera, ele deu o seu passo até agora mais ousado e melodramático, demonstrando com isso grande desespero diante do avanço inexorável da vitória de Lula nas urnas. Entretanto, se Bolsonaro está desesperado não há razão para nós também ficarmos desesperados com a ameaça real de golpe.
Ele pode até tentar, e acredito que o fará, mas não existe condições políticas internas e principalmente internacionais para um golpe de Estado no Brasil dar certo, especialmente quando seu único motivo é porque o presidente não consegue ultrapassar o adversário nas pesquisas. Se o conseguisse, não haveria “suspeitas” sobre urnas eletrônicas.
Fascistas
O fato novo é que se Lula já vinha ganhando nas pesquisas, agora, depois desse repudiada reunião do presidente com os embaixadores, ele também está ganhando na política nacional, pois a desmoralização de Bolsonaro foi total, aumentando ainda mais o seu isolamento. Até mesmo o seu até agora leal presidente da Câmara, Artur Lira, desvia do assunto desconversando sobre as eleições de Arapiraca.
O mais essencial nesse grave momento do país é que a Frente democrática antifascista tem de cobrar firme reação das instituições em defesa da democracia e da Constituição, pois o que Bolsonaro cometeu foi crime de traição nacional. É fundamental que os movimentos sociais se manifestem contra o golpe e em defesa das eleições.
Todas e todos democratas, independente de partidos e ideologias, precisam defender as eleições, a democracia e a Constituição, seja nas redes, nas ruas, nas tribunas e nas mídias alternativas.
Nem um passo atrás. Fascistas não passarão!
Val Carvalho é articulista do jornal Correio do Brasil.