Na quarta-feira, Brasil e China firmaram acordo que permite a realização de transações comerciais sem o uso do dólar. O tratado permitirá que exportadores brasileiros façam conversões diretas entre o real e o yuan, a moeda chinesa.
Por Redação, com Sputnik Brasil - de Brasília
A assinatura de acordo entre Brasil e China para reduzir uso do dólar poderá diminuir o custo de transações e acelerar o comércio. Mas o Palácio do Planalto deve estar preparado para retaliação dos EUA na forma de sabotagem econômica, alerta economista.
Na quarta-feira, Brasil e China firmaram acordo que permite a realização de transações comerciais sem o uso do dólar. O tratado permitirá que exportadores brasileiros façam conversões diretas entre o real e o yuan, a moeda chinesa.
O uso do novo sistema promovido pela China é opcional. Logo, empresas brasileiras poderão, pela primeira vez, escolher entre dois sistemas diferentes para realizar operações comerciais.
De acordo com a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, o acordo tem o intuito de reduzir os custos das transações entre os países. Mas, para o mestre em economista pela Universidade Federal Fluminense e assessor parlamentar David Deccache, o acordo garante sobretudo ganhos geopolíticos para o Brasil.
— O maior ganho do acordo é a diversificação do risco geopolítico. Agora temos dois sistemas opcionais para realizar operações, e não apenas um. Portanto não estamos mais totalmente subordinados à hegemonia do dólar — disse Deccache à agência russa de notícias Sputnik Brasil.
Blockchain
O acordo também representa um ganho tecnológico, uma vez que o sistema (de pagamentos internacionais) ocidental Swift "ainda é muito lento”.
— A China avançou muito em sistemas atrelados a moeda digital do seu Banco Central, baseada em tecnologia blockchain. Isso dá mais segurança e agilidade ao processo — afirmou Deccache.
A secretária do Ministério da Fazenda também notou que o novo sistema garante que Brasil e China se protejam de flutuações cambiais, garantindo maior previsibilidade das taxas de câmbio.
— Com a diversificação das transações cambiais ficamos menos reféns das volatilidades em dólar — concordou o economista.
Geopolítica
Pequim é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009. Em 2022, 26,8% das exportações brasileiras foram destinadas à China, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (SECEX-MDIC). Já as importações brasileiras de produtos chineses respondem por 22,3% do total e apresentam tendência de alta.
— O jogo geopolítico começou a virar. Estamos em uma trajetória de queda das transações em dólar, do uso do sistema Swift e do acúmulo de reservas internacionais em dólares — resumiu.