Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Trimestre teve maior número de mortes de imigrantes no mar, diz ONU

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Quarta, 12 de Abril de 2023 às 11:43, por: CdB

De acordo com o relatório, cerca de metade das mortes estão relacionadas a atrasos nos esforços de resgate por parte dos diferentes países. Esse foi o motivo de seis incidentes este ano.


Por Redação, com RTP - de Genebra


O primeiro trimestre deste ano teve o maior número de mortes de imigrantes que atravessam o Mediterrâneo Central desde 2017. Segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado nesta quarta-feira, mais de 400 imigrantes morreram quando tentavam chegar à Europa, entre janeiro e março deste ano. Diante do número crescente, o governo italiano declarou hoje estado de emergência.




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Mortes ocorreram na travessia do Mediterrâneo

A Organização Internacional para Migração (OIM) informou que 441 imigrantes morreram entre janeiro e março deste ano, enquanto tentavam cruzar o Mediterrâneo, no trajeto do Norte da África para a Europa, considerada a rota de migração em que ocorrem mais mortes.


“Com mais de 20 mil mortes registradas nessa rota desde 2014, temo que elas tenham sido normalizadas”, afirmou o diretor-geral da OIM, António Vitorino. “A persistência da crise humanitária na região central do Mediterrâneo é inaceitável”, acrescentou.


De acordo com o relatório, cerca de metade das mortes estão relacionadas a atrasos nos esforços de resgate por parte dos diferentes países. Esse foi o motivo de seis incidentes este ano, que levaram à morte de pelo menos 127 imigrantes. A ausência de qualquer missão de resgate foi a causa de um sétimo acidente, que matou pelo menos 72 pessoas.


– Os Estados devem responder. Atrasos e lacunas nas operações de busca e salvamento estão custando vidas humanas – alertou o diretor-geral da OIM.


Para a ONU, o número de mortes nos primeiros três meses do ano estão provavelmente subestimados em relação ao verdadeiro número de vidas perdidas no Mediterrâneo Central”.


O projeto Missing Migrants, da agência da ONU, investiga vários casos de “naufrágios invisíveis” – casos de barcos que são dados como desaparecidos, onde não há vestígio de sobreviventes. Cerca de 300 pessoas a bordo dessas embarcações ainda estão desaparecidas.



Itália


As autoridades italianas declararam estado de emergência em resposta ao aumento acentuado de migrantes que chegam ao país.


Segundo a OIM, só no fim de semana da Páscoa, 3 mil imigrantes desembarcaram na Itália, “elevando o número total de chegadas desde o início do ano para 31.192 pessoas”.


O desembarque aumentou acentuadamente em comparação com o mesmo período do ano passado, apesar dos esforços do governo de extrema-direita, de Giorgia Meloni, para reprimir a migração irregular.


Cerca de 2 mil pessoas chegaram à ilha italiana de Lampedusa durante o fim de semana da Páscoa. A guarda costeira resgatou ainda cerca de 800 pessoas de um barco de pesca na costa da Sicília. A organização não governamental (ONG) Sea-Watch Italy disse à agência Deutsche Welle que uma embarcação com 400 imigrantes está à deriva em Malta.


O ministro italiano do Mar e Proteção Civil, Nello Musumeci, citou um aumento de 300% no fluxo de migrantes e disse que essa é uma "emergência absoluta", que coloca em risco a infraestrutura da Itália. "Estamos falando de um fenômeno nunca visto no passado. As ilhas sozinhas não conseguem enfrentar esse estado de emergência", afirmou.


O estado de emergência vai vigorar por seis meses e desbloqueará 5 milhões de euros para as regiões no Sul do país que lidam com a crise migratória.


Nello Musumeci alertou, porém, que o estado de emergência “não resolve o problema” e que “a solução depende de intervenção responsável da União Europeia”.


O diretor-geral da OIM pediu uma “coordenação pró-ativa” dos vários países nos esforços de busca e resgate, lembrando que salvar vidas é uma obrigação legal dos Estados.


– Guiados pelo espírito de partilha de responsabilidade e solidariedade, pedimos aos Estados que trabalhem juntos para reduzir a perda de vidas nas rotas de migração – disse António Vitorino.



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