Travis McMichael, 35 anos, que atirou em Arbery, seu pai, o policial aposentado Gregory McMichael, 65, e o vizinho deles, William Bryan, que participou da perseguição, receberam sentenças de um júri majoritariamente branco por múltiplas acusações de assassinato, agressão agravada (que denota uso de armamento) e cárcere privado.
Por Redação, com DW - de Washington
Três homens brancos que perseguiram, encurralaram e, com uma arma de fogo, mataram o jovem negro Ahmaud Arbery, de 25 anos, na cidade de Brunswick, Estado da Geórgia, nos Estados Unidos, foram condenados à prisão perpétua na quarta-feira. O episódio ocorreu em 23 de fevereiro de 2020 e chocou o país depois que imagens com cenas do crime foram publicadas em mídias sociais. Travis McMichael, 35 anos, que atirou em Arbery, seu pai, o policial aposentado Gregory McMichael, 65, e o vizinho deles, William Bryan, que participou da perseguição, receberam sentenças de um júri majoritariamente branco por múltiplas acusações de assassinato, agressão agravada (que denota uso de armamento) e cárcere privado. Resta agora o juiz decidir se eles terão direito a apelar da condenação no futuro. Assim que os jurados terminaram de ler o primeiro dos 23 veredictos, o pai de Ahmaud, Marcus Arbery, teve de deixar a sala de audiências após saltar e gritar, em celebração. No último, a mãe do jovem, Wanda Cooper-Jones, baixou a cabeça e levantou os pulsos. "Nunca achei que esse dia iria chegar. Foi uma longa e dura batalha. Mas Deus é bom. Obrigado a todos que protestaram e rezaram”, disse Jones. Tanto dentro quanto fora do júri, o público também celebrou as condenações de maneira bastante emocionada. Marcus Arbery declarou que o filho "não fez nada além de correr e sonhar”. E completou: "Hoje é um dia bom. Eu não quero ver outro pai ver seu filho ser linchado e alvejado da forma como o meu foi”. O advogado de defesa de Travis e Gregory McMichael disse que seus clientes acreditam que agiram corretamente, e que o vídeo com cenas do crime pode inclusive ajudá-los no caso. Ao mesmo tempo, eles também declararam que lamentam que Arbery tenha sido morto. O presidente Joe Biden celebrou o veredicto, mas reforçou que o "trabalho árduo” continua no combate ao racismo nos Estados Unidos. – A morte de Ahmaud Arbery, testemunhada pelo mundo inteiro em vídeo, é um lembrete devastador do quão longe ainda precisamos ir na luta pela justiça racial neste país. Embora os veredictos de culpa reflitam que nosso sistema de justiça esteja fazendo seu trabalho, isso por si só não é suficiente. Em vez disso, devemos nos comprometer a construir um futuro de unidade e força compartilhada, onde ninguém teme a violência por causa da cor de sua pele – afirmou Biden, em um comunicado. O governador do estado, o republicano Brian Kemp, disse que Arbery foi "vítima de uma vigilância que não tem lugar na Geórgia”, e pediu "cura e reconciliação” para a sociedade.