As investigações começaram em 2022 e identificaram que a quadrilha utilizava a fachada de uma empresa para adquirir insumos químicos usados na fabricação de substâncias como ecstasy e MDMA.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
Uma operação conjunta da Polícia Federal e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro desmontou nesta semana um esquema sofisticado de produção e distribuição de drogas sintéticas que operava a partir de comunidades como os complexos da Penha e do Alemão. Segundo reportagem do programa Fantástico, da rede Globo, a investigação resultou na prisão de nove integrantes do grupo, enquanto outros 16 suspeitos seguem foragidos. Os envolvidos responderão por tráfico de drogas e organização criminosa.

As investigações começaram em 2022 e identificaram que a quadrilha utilizava a fachada de uma empresa para adquirir insumos químicos usados na fabricação de substâncias como ecstasy e MDMA. Um dos principais alvos da operação foi Vinicius da Silva Melo Abade, de 34 anos, apontado como líder da organização conhecida como “Cartel Brasil”.
Segundo as autoridades, a empresa de fachada, chamada Perfumaria & Cosméticos Mendes JK Limitada, chegou a adquirir insumos suficientes para a produção de mais de quatro toneladas de entorpecentes. As drogas eram vendidas pela Internet e enviadas a diversos estados, como São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Roraima, Rondônia e Acre, com o uso de “mulas do tráfico”.
– Fora, eles ostentavam carros, viagens de luxo, jetskis, embarcações. Dentro, eles atuavam como verdadeiros traficantes. Além de pessoas contratadas informalmente para trabalhar na produção da droga, nós descobrimos que tinham crianças envolvidas nessa produção – afirma o delegado Samuel Escobar.
Vinicius foi preso em um apartamento na Zona Oeste do Rio. No local, foram apreendidos sete carros de luxo, drogas e cerca de dez quilos de insumos químicos. Estima-se que os bens do investigado somem cerca de R$ 50 milhões. A Justiça foi acionada para o sequestro desse patrimônio.
Além de Vinicius, foi preso Matheus de Lima Viana, conhecido como “Matheusinho”, acusado de operar os laboratórios no Complexo da Penha. Outros integrantes da cúpula do grupo, como Diego Bras, o “Fex”, e Rômulo César de Oliveira Ramos, o “Rato”, responsável pela contabilidade, estão foragidos.
Em um dos endereços registrados da empresa de Vinicius, na Zona Norte do Rio, funciona um posto de combustíveis. A falsa razão social da companhia possibilitava a compra de substâncias como cafeína e efedrina, utilizadas como base na formulação das drogas sintéticas.
Comando Vermelho
As investigações também revelaram que o grupo contou com o apoio do Comando Vermelho para operar dentro das comunidades. Em troca de proteção armada, parte da produção era destinada ao tráfico local.
– Essa organização criminosa teve o aval do Comando Vermelho que deixou com que eles operassem na manufatura e na distribuição de drogas sintéticas – afirma o promotor de Justiça Alexander Araujo de Souza.
A perita criminal federal Ana Luiza Oliveira alertou para os perigos do consumo dessas substâncias fabricadas em condições precárias.
– A gente já pegou aqui misturas de MDMA com cetamina, que é um sedativo para animais. Pode ter fentanil, que é um outro sedativo, que pode levar à morte. É uma ilusão achar que todo comprimido vai ter sempre a mesma dosagem e os mesmos princípios ativos. Não é verdade. Pode ser que um comprimido tenha adulterantes, substâncias colocadas intencionalmente ali para mudar o efeito. É muito arriscado – afirma.
As defesas dos investigados citados na reportagem não foram localizadas pela equipe da reportagem até a publicação da matéria.