Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Talebã proíbe mulheres afegãs de trabalhar para ONU

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Quarta, 05 de Abril de 2023 às 08:05, por: CdB

Stéphane Dujarric adiantou que a decisão governamental está sendo analisada e como pode afetar as operações no país.


Por Redação, com RTP - de Kiev


As autoridades talebãs no Afeganistão divulgaram decisão em que proíbem de trabalhar todas as funcionárias afegãs das Nações Unidas. Para a organização, a medida é "inaceitável e francamente inconcebível". A missão da ONU no país anunciou, nesta quarta-feira, que vai se reunir com representantes do governo de Cabul para discutir a medida.




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Organização diz que medida é inaceitável e inconcebível

“A ONU no Afeganistão expressa séria preocupação com o fato de funcionárias nacionais do sexo feminino terem sido impedidas de se apresentar para trabalhar na província Nangarhar”, escreveu a organização nas redes sociais.


“Lembramos às autoridades que as instituições das Nações Unidas não podem operar e fornecer assistência para salvar vidas sem uma equipe feminina”, acrescentou.


– Os nossos colegas, na missão da ONU no Afeganistão, receberam a notícia de uma ordem que proíbe o trabalho de mulheres do país funcionárias da ONU – confirmou em entrevista o porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas.


Stéphane Dujarric adiantou que a decisão governamental está sendo analisada e como pode afetar as operações no país. Acrescentou que estão previstas reuniões com as autoridades em Cabul.


Após a queda do poder político no Afeganistão para o talebã, em agosto de 2021, a ONU “permaneceu comprometida em ficar e ajudar, enquanto pedia apoio unificado para o povo”. No entanto, as autoridades talibãs no poder têm anunciado decisões, segundo uma “liderança fundamentalista”, incluindo a proibição de as mulheres frequentarem o ensino superior, trabalhar para organizações não governamentais e entrar em diversos espaços públicos.



Proibição inaceitável


Segundo Dujarric, as autoridades talebãs disseram que a proibição se aplica às mulheres de todo o país e não apenas às da província Nangarhar.


– Fomos informados, por diferentes canais, que a proibição se aplica a todo o país – disse Stéphane Dujarric. “Esperamos ouvir vozes fortes do Conselho de Segurança”.


Para o secretário-geral da ONU, essa proibição é inaceitável e francamente inconcebível”. Ele denunciou a disposição de “minar as capacidades das organizações humanitárias para ajudar quem mais precisa”.


Lembrou que considerando a sociedade e a cultura no Afeganistão, "são necessárias mulheres para ajudar as mulheres", que estão entre as mais ameaçadas pela enorme crise humanitária no país,. Em muitas regiões, não é bem visto que os homens atendam as mulheres, ou vice-versa.


António Guterres condenou veementemente a proibição das funcionárias afegãs de trabalhar. "Se essa medida não for revertida, inevitavelmente prejudicará a nossa capacidade de fornecer ajuda e salvar vidas", lamentou em publicação no Twitter.


Em comunicado, a ONU critica a decisão dos talebãs, classificando-a como "a mais recente de uma tendência perturbadora de decretos" que prejudicam as organizações de ajuda humanitária no país.


– Infelizmente, é preciso dizer que a equipe feminina é essencial para que as Nações Unidas prestem assistência que salva vidas – disse também Dujarric. "As mulheres do nosso quadro são essenciais para que as Nações Unidas prestem ajuda vital".


As normas governamentais "violam os direitos fundamentais das mulheres e infringem o princípio da não discriminação”.


– Continuaremos a tentar todos os caminhos para alcançar as pessoas mais vulneráveis, especialmente mulheres e meninas.


Segundo dados da ONU, entre 30% e 40% do pessoal das organizações humanitárias que entregam, geram, controlam ou avaliam a necessidade de assistência são mulheres. Dujarric acrescentou que a organização tem atualmente cerca de 4 mil pessoas trabalhando no Afeganistão, das quais cerca de 3,3 mil são do país, embora não tenha revelado quantas são mulheres.


A missão da ONU no Afeganistão confirmou que, nesta quarta-feira, vai se reunir com representantes do governo em Cabul, para discutir a nova interdição governamental.


“Funcionários do sexo feminino são essenciais para garantir a continuação das operações no Afeganistão", destacou a ONU no comunicado. O Afeganistão tem cerca de 40 milhões de pessoas, e as Nações Unidas têm tentado levar ajuda a cerca de 23 milhões de homens, mulheres e crianças.


 

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